Estava inspirada! ahahah
Ontem, fiz mesmo programa matinal de gaja: Passei praticamente a manhã toda - e que seca - na esteticista. Ah pois é. E para não variar, apanhei por lá daquelas velhotas jarretas, que quando lhes estão a cortar o cabelo, contam a vida inteira às cabeleireiras, e que lhes dói ali, e dói aqui, e que na semana passada a Maria Henriqueta (amiga da sua criação), passou muito mal, que os filhos isto, e que se o marido fosse vivo aquilo, e no meu tempo era assado, e etc lda. Não tenho nada contra as velhotas, por vezes até dou por mim a pensar, como serei eu na idade delas! muhahahahahah Vai ser lindo vai. Bem, adiante. A estas velhotas, nunca se pode cair no erro de perguntar:
- "Então Dona Gertrudes, como têm passado?"
- "Ai menina, nem queira saber. (pausa com ar grave) Sabe o que me aconteceu aqui há dias?" - e pronto, descambou. Espero bem que tenham ingerido uma quantidade significativa de café bem forte, quando fazem estas questões a uma velhota.
As velhotas num cabeleireiro, além de faladoras da sua vida, e costurar na alheia, são muito picuinhas. E é porque o cabelo ali não é exactamente simétrico ao outro lado, e é porque a cor afinal não fica como ela quer... Sinceramente, gabo a pachorra das cabeleireiras. Se eu fosse cabeleireira - olha a sorte das velhotas - e me dissessem que o cabelo não ficou como queriam, ah havia bom remédio! Pegava nuns pedaços de fita-cola, e vai de colar novamente o cabelo ao sítio. Não ficava exactamente como estava, mas também milagres ninguém consegue!!
No fim de tanto dar à língua, e de cortarem todos os coletes e casacos do dia, da aldeia e arredores, adoro observar como elas saem todas pomposas do cabeleireiro, com o cabelo com quilos de laca - aquilo dá-lhes o vento e este nem mexe tal é o "laquedo". Desconfio que em certos casos, existe uma maior proporção de laca vs o cabelo da senhora. Devem sentir-se umas autênticas Marilyn's Monroe, ou umas Brigitte's Bardot, tal é o caminhar com orgulho e confiança no seu look estrondoso. Acho engraçado, como elas continuam a fazer as permanentes, para ficarem com o cabelo tipo ovelha choné, pintam o cabelo de loiro, bronze, castanho, para ficarem todas airosas! No outro dia vi uma a arranjar as unhas, e a pintá-las, porque ia para uma saída! Ah pois é...! :)
Infelizmente, agora falando mais a sério, estas pessoas acabam por ir para estes sítios - deduzo eu, pelas conversas que elas têm, que mesmo que não queira ouvir, oiço, pois elas falam tão alto que até os bichos do caruncho das portas e rodapés, devem ouvir - porque puro e simplesmente são pessoas sozinhas. A família têm a sua vida, muitas vezes nem estão para as aturar. E outras, só se têm a elas mesmo... e ao gato... e ao cão... e ao piriquito... É triste, mas é a realidade. É nestas alturas, quando olho para elas e as vejo carentes, abandonadas, debaixo daquele cabelo de lu-lu, que me dá saudades daqueles que já partiram, ao observar que quem ainda os têm, não lhes dá o devido apreço.
Hein quem diria? Aqui a fritadeira a falar de algo tão melancólico! :) Foi uma recaída, foi uma recaída!!! Não me batam mais! ahahahahah