Já não se pode ter um minuto de sossego...
Este frio têm dado cabo de mim. Sinceramente. Até fico com o cérebro dormente com este frio agreste. Chego a ter tantas camadas de roupa quanto uma cebola têm anéis ("oger's are like onions", lá diz o Shrek, mas eu prefiro o que diz o burro e que sejam antes camadas de mil folhas ou de algo igualmente guloso e pecaminoso) - já não me bastava na cama. O que vale é que não tenho comido as minhas amadas Pringles ou daqueles fantásticos aperitivos de alho senão era mesmo uma cebola com um hálito que até deixava as pessoas a desmaiarem de encanto. Ainda bem que não sou dada a strips, senão o desgraçado do moço que estaria ali a esfregar as mãos de contentamento para assistir um strip, caía para o lado de tanto esperar e contar peças de roupa invés dos fofinhos e mimosos mémés. Já pensei desoladamente "Peixa, amiga e palhaça, admite, estás a ficar cota..." - sim que para mim, ter constantemente frio, mãos geladas, pés geladas e outros sítios do corpo gelados, como o nariz, por exemplo meus caros, é sinal que a P.D.I. já está a bater à porta. O porquê mais concretamente? Bem... porque sim.
Eu adoro tomar banho, numa tentativa desesperada para me aquecer. Mas só mesmo por causa disso, porque tomar banho só acontece na altura do Natal eeeeeee mesmo assiiiiiim... é preciso ter sorte. Há que poupar, que o sabão azul e branco está caro. Ah, mas é muito bom. Só custa tirar a traparia toda antes de entrar na banheira e esperar que a água aqueça (há quem tome banho vestido, mas não vamos por aí). É fantástico estarmos debaixo do chuveiro, com água quentinha a correr, a cozermos ao vapor, a ficarmos vermelhos que nem lagostas sem ser necessário recorrer à exposição solar... Fantástico melga. Mas não há bela sem senão. Está ali uma pessoa a tomar uma explêndida banhoca, feliz da vida que nem um porquinho a chafurdar na lama, a rejubilar de alegria que nem um macaquinho a catar-se ou a grunhir de contentamente que nem um urso a esfregar as costas numa árvore, e não é que a porra do cortinado da banheira começa a colar-se em nós! Não há direito! Aquele momento que era suposto ser zen, quentinho e afável, torna-se num momento de batalha campal entre mim e o cortinado da banheira. Eu empurro, ele volta, dou-lhe um piparote e ele pimbas, vá de se colar. É arraçado de pega-monstro, só pode!! Invejoso, já não se pode tomar um banho sem que o tipo venha e se grude. Que inferno! Antes fosse, ao menos era quente, é que o pior é que está gelado que nem o caraças. Quando eu lá o consigo dominar, com uma das minhas técnicas infalíveis: ou ponho um frasco de champo a prendê-lo ou um de sabonete, ou certifico-me que ele fica beeeeeeeem colado com água ou então, quando tento estas técnicas já citadas como infalíveis que não são assim tão infalíveis, recorro ao meu trunfo na manga do pijama que está à espera que eu saia do banho, e faço uma "barriguinha" no cortinado e coloco lá um pouco de água, para fazer peso. Tomaaaaaaaa, incha. Chora meu menino, que eu sei que dói! Ahh... Volta a paz ao meu reino. Lá acabo de tomar banhoca, e saio da banheira, toda airosa.
A vingança é um prato que se serve frio, eu sei. Neste caso, é um chão todo molhado da batalha que se deu na banheira, e uma bela de uma poça fria e gelada no chão da casa-de-banho, proveniente da "barriguinha" do cortinado.
Definitivamente, nada relaxante. Não querias aquecer Peixa? Agora aqueces, a limpar o chão. Pois é.
Mas isto não fica por aqui! Já ando a engedrar um esquema que vou tramar o cortinado. Quem ri por último, ri melhor... senhor cortinado branco às bolinhas verdes!