Taras e manias à parte - que cada um têm as suas menos eu, que é mesmo só charme e defeito de fabrico - não sei se lhe hei-de antes chamar preguiça ou calanzisse mas a pura das verdades, é que não há nada como ter desafios que nos complicam a vida e sem sentido sequer de existirem, ainda mais quando estamos a despachar-nos para irmos a algum lado, com o relógio em modo "tic-tac-tic-tac".
Tenho o hábito - sim, não mania - de quando dispo um pullover que por debaixo têm uma camisola básica - okay, esta foi à gaja. Por "básica" entenda-se camisolinha fina lisa, que serve como camisola interior mas que não é camisola interior, pois eu detesto camisolas interiores, vá-se lá entender o cubo de rubik que é esta marmita - puxo o pullover conjuntamente com a camisola básica. Fica um género de pack camisoidal. E não faço isto com uma peça, faço com várias. Eu gostava de dizer que quando me dispo arrumo os trapinhos no armário, mas isso seria tudo menos aquilo que o meu escritório do aquário pode intervir e exemplificar activamente qual o seu relacionamento com as minhas roupas, que demonstra epicamente de peito aberto uma relação de amor-ódio e uma autêntica batalha campal. Mais parece um acampamento de galinhas e que passou por ali um furacão.
Basicamente, o meu escritório com ar de loja em época de saldos a roçar a feira, só têm direito a ficar aprumadinho ao fim de semana. Até lá, é um ver se te avias.
E isto tudo para dizer que, ao fim do dia quando me dispo, a roupa sai quase toda de uma virada, quase como uma casca de banana. Por vezes fica direita, outras do avesso, conforme a minha boa disposição daquele dia e a vontade de me por à paisana. Agora imaginem, quando por causa de alguma urgência ou quando acontece necessitar de levar novamente determinada camisola que se encontra em pack camisoidal, pegar naquilo e vap-vup taraaaaammmm já está vestida. O tempo que se poupa. O problema é quando o pack se encontra do avesso e eu, muitas vezes com a pressa e invés de "divorciar" aquelas duas peças de roupa em pleno amor tórrido, viro apenas a zona da cabeça e tento meter os braços que conforme vão passando, vão virando a roupa do direito. E faço umas belas figuras, uma autêntica ginasta contorcionista, maioria por vezes. Era mais fácil e rápido vestir uma de cada vez, mas não, a vida têm outra emoção assim e ficamos com sensação de conquista e de quem merece uma medalha após passar tal desafio.
Mais ainda: em situações de urgência além de fazer figuras graciosas a vestir a roupa do avesso de modo a ir ficando do direito, tal e qual os putos pequenos e a lei do menor esforço, adoro cantarolar a música da missão impossível.
Pois é. Cada vez é mais evidente que já tenho é idade para ter juízo e que uma senhora não se comporta assim, mas eu não estou minimamente preocupada com essas mariquices e prefiro ser como sou, tal e qual uma gazela desajeitada a correr ao pôr-do-sol numa savana que tropeça nos próprios cascos e ainda se ri dela própria. E sem a mínima vergonha de contar as cromices tão típicas dela.