Mãe Peixa, conhecida pelos seus cozinhados de rebentar as costuras das calças ou de se ter de fazer mais furos no cinto, tal é o encher da barriguinha, fez-me sinais de fumo para passar pelo aquário-mor, a buscar uns biscoitinhos ou bolachas ou bolinhos ou que raio ela chamou àquilo, que ela fez a partir de uma receita que uma conhecida lhe deu - quando é assim, o meu sentido aranha começa logo "alerta... alerta... alerta..." com luzinhas vermelhas a piscar, pois às vezes a mãe Peixa faz com cada cozinhado experimental, que ai Jesus Super Star.
Bem mandada como sou - pois pois... quem te conhece, que te compre - lá fiz o tremendo sacrifício de passar por lá, antes de pegar ao trabalho e assim, servir de cobaia dos novos biscoitinhos ou bolachas ou bolinhos ou que raio ela chamou àquilo. Só tive uma pista... que os iria por de certeza, na bela da lata das bolachas. Sim... Isso ainda se usa, por bolachas nas latas para não endurecerem. Alguém ainda têm disso em casa ou se lembra de isso existir, sem ser na casa das avós? Por favor, digam que sim...!
Chego ao aquário-mor, deserto, e me dirijo imediatamente à cozinha, mandando um olho à sala e apreciando que a dita lata das bolachas está na mesinha de centro da sala, pois o monstro das bolachas do spot aka pai Adamastor, já devia ter estado a dar nas trombas aos biscoitinhos ou bolachas ou bolinhos ou que raio ela chamou àquilo. Porém, quando miro a mesa da cozinha, com que cenário é que me deparo? Um pamparuére grande - onde normalmente estão as filhoses ou sonhos de abóbora ou bolo de chocolate aos quadrados ou fatias paridas ou miniaturas de bolinhos ou queques caseiros ou... já perceberam onde quero chegar. Algo em quantidade razoável - com um saco dobradinho em triângulo por cima, um pamparuére vazio ao lado e um queijo da serra amanteigado, com a tampinha cortadinha e faquita pousada em cima. Que depreendi? Fora pensar que a mãe Peixa me estava a dizer "adeus, boas festas e um queijo da serra", senti que mãe é mesmo mãe. Não se enganem, ahhh que fofa deixou ali o pamparuére e tudo à mãooooo... Sabem que acho? Ela teve foi receio que eu abrisse o armário das feras, levasse com os animais no alto da pinha ficando inconsciente e chegando atrasada ao trabalho, quiçá só sendo o meu corpo descoberto pelo pai Adamastor quando fosse almoçar, assim eu ali, estendida no chão da cozinha, uma perna para este, outra noroeste, com tampas e caixas por cima de mim ou com receio que desarrumasse a cozinha toda com restos mortais dos pamparuéres por tudo o que era sítio, além do meu metro e 75 escarrapachado no chão frio de pedra. Não dava jeito nenhum... Não sou pesada, mas iria ser o cabo dos trabalhos para me arrastarem dali. Assim sendo, precavida como é e para não sobrar para ela ou no caso de eu, sobrevivendo ao armário dos ogres, reclamasse com ela por ter de arriscar a vida duplamente, ao ter de abrir o armário e ir fazer de cobaia para degustar os biscoitinhos ou bolachas ou bolinhos ou que raio ela chamou àquilo, meteu logo ali um pamparuére para eu encher a tostes de bichezas de farinha e limão e um saquinho para não levar o pamparuére na mão - coisas da minha mãe. Não gosta que ninguém saia à rua com as coisas nas mãos, temos sempre de levar um saco. Eu às vezes lá me raspo mas o resto da malta é várias vezes encurralado, desabafando por vezes: "Possa, não há vez que não saia desta casa sem um saco na mão"*.
E o queijo da serra amanteigado, Peixa? - perguntam vocês.
Pois, o queijo da serra amanteigado foi só para distrair e compor o ramalhete e perfumar a cozinha com cheiro a chulé, mais nada. Por muito que eu adore queijo da serra amanteigado, não me dava jeitinho fugir com ele debaixo do braço e ficar com o Peixmóbil aromatizado a queijo. Tentador, muito tentador, mas é assim, tomei banho. O meu banho mensal. Por muito sedutor que seja o queijo, não vou correr o risco de ter de tomar outro banho este mês, não é? Haja dó.
*Acontece cravarmos à mãe Peixa para nos secar a roupa no mega estendal dela, o que origina que andemos com alguma frequência com sacos e saquetos e saquinhos. Neste caso, aconteceu a criatura não levar sacos com roupa mas acabou por sair de lá com um saco na mão. Certo que era de paparoca ou qualquer miminho mas nem assim, se livrou da maldição da sacaria. Uma vez pegada na pessoa, nunca mais desgruda. Experimentem a usar um saco para o que for e vão ver que os sacos nunca mais saem da vossa vida, nem que os ameacem por como saco do lixo.