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Ó da guarda, peixe frito!

Vai com arrozinho de tomate?

Ó da guarda, peixe frito!

Vai com arrozinho de tomate?

Lá dizia o outro: "Adoro (...) O riso das crianças dos outros" e há dias em que compreendo o porquê.

frito e escorrido por Peixe Frito, 14.01.21

Isto de se conviver, lidar e educar crianças, têm muito que se lhe diga. Começando pela matina, que quando acordam com a telha e não contentes com o seu próprio descontentamento, decidem polvilhar a vida de todos que os circundam, com o mau génio e mau feitio. Uma simples pergunta de: "Que queres comer para o pequeno almoço", por muito que seja dita e proferida com todo o amor, paciência e carinho maior do que o da Madre Teresa de Calcutá, serve apenas de rastilho para uma explosão de tortice matinal com um "Não quero comer" virado do avesso. E é assim que se começa bem um dia.

Nem abordando a temática da vestimenta das criaturas, que há dias que à tarde, nem se devia era sair à noite, estão especialmente picuinhas com a forma como se vão apresentar ao seu social... nem que seja no infantário. Não importa. É social, é social. Fazem um pé de vento que se não é do cú é das calças, se não é das mangas, é do padrão. Em jeito de manter a paciência digna de um budista, há de facto dias ou momentos em que se dá rédea aos bichos do mato. E em que isso resulta? Meias com riscas, ténis folclóricos, saias às bolinhas, camisolas aos unicórnios e, não satisfeitos com a árvore de natal ambulante, uma bandolete com orelhas de gato a fazer pandam com as asas de borboleta. True story. Não stressem, que efectivamente este relato de um amigo de um amigo meu, não se realizou numa ida para a escola, mas ao fim-de-semana. "Ahhh Peixa, então menos mal! Foram só aos avós e voltaram para casa...!" Pois... #sóquenão. Efectivamente a vida dá muitas voltas e nesse dia, não foi excepção. As criaturas tiveram de ir às compras e sim, o espécime mais jovem foi assim pavonear-se para o centro comercial. O que vale é que vergonha não habita na alma das criaturas desta família e, como são todos dados a que as crianças também têem direito a dar asas à criatividade, tudo correu bem - mesmo com os olhares e risos de terceiros, ao verem o animal semi recente, a andar como se fosse dona do pedaço, exibindo uma panóplia de cores digna da carta de pantones e padrões, que fazem concorrência ao tapetes de patchwork.

Mas o que realmente testa a minha paciência, é o sistema de segurança integrado que as crianças têem: ralhamos, amuam, pegamos pela mão e eles fazem corpo mole, acabando por serem arrastados pelo chão. Paciente como sou, ali ficam e eu lá vou à minha vida. É uma medida eficaz de inserção de código de desbloqueio desse sistema de bloqueio infantil, pois em fracção de segundos, já se encontram à minha beira, de trombas é certo, sem falar comigo, em completo litígio. O que vale é que tanto lhes bate como some com a mesma velocidade.

É maravilhoso termos crianças na nossa vida, não é tudo complicações e chatices, mas dava um jeitaço um botão de "pausa" ou "stop", naquelas alturas em que acordaram para nos torrar o que resta da marmita. É que até os macacos-do-sótão se benzem! Deus nos valha.

Falam de uma maneira, como se fossem donos de toda a experiência de vida!

frito e escorrido por Peixe Frito, 14.07.20

- Tia Peixa... tu já te casaste, não precisas de te casar outra vez.

Debitam estas coisas e uma pessoa fica assim a modos que... coiso. Mas ela está lá... Ó se está  

De vez em quando, mandam umas pérolas de sabedoria. Sacam de cada uma, cada coelho que salta da cartola quando menos se espera.

Bem que estas gerações mais novas, já trazem upgrades além do que a nossa compreensão alcança. Eu, com a idade dela, na minha santa ingenuidade de peixinha alevim, lá sonhava com casar quanto mais com o que fosse.

Falar por código, é o must.

frito e escorrido por Peixe Frito, 14.07.20

- Ó tia Peixa, do que são os teus olhos?

- De batatas fritas e gelatina.

- (risos) Não são, não! São de gelado!

 

A trapalhona queria perguntar de que cor são os meus olhos e depois deu nisto. Parece uma conversa entre duas maluquinhas  Adoro.

Nos valha a inocência das crianças.

frito e escorrido por Peixe Frito, 06.04.20

- Tia Peixa - diz a rabinho pequeno via videochamada, com um terrível apito amarelo ao pescoço que, mal o vi, me benzi logo, pois se há coisa boa para dar às crianças, é precisamente um apito - Vamos brincar ao jogo do Apita o Pito?

- Ao quem?

- Ao Jogo do Apita o Pito!!

Devo dizer que não obtive nenhum manual de regras nem explanação conclusiva, espremendo sumo nada saiu, de como se joga este jogo. De título sugestivo, afinal o que é o Pito e apitar... porquê? Que anda o Pito a fazer para ter de ser apitado ou levar uma apitadela??

Alguém me sabe elucidar que raio de jogo é este? Já parti a cabeça toda e nenhum modo de jogo me parece viável a petizes.

Ora, há com cada uma. Miúdos...

Tuga que é tuga...

frito e escorrido por Peixe Frito, 08.01.20

Esta não esperava eu.

- Rabinho pequeno, queres pizza ou feijoada para comer?

- Feijoada.

Ora... era suposto uma criança preferir pizza, ou não era? Pois, naturalmente seria. Só que não. A criança prefere a bela da feijoada invés da pizza. Quando está no sangue, está no sangue. Nada a fazer. Eu não a condeno... eu sou igual. Não há feijoada igual à da mãe Peixa. Todas as gerações concordam. Venha a pizza que vier!! Pizza é para meninos-de-coro, pá! 

Ai Santa Inocência e para aquilo que eu estava guardada.

frito e escorrido por Peixe Frito, 11.12.19

Por vezes, é tramado existir uma criança pequena na família. Principalmente uma que adora ir-se enfiar na casa-de-banho, quando uma pessoa lá está. Bem que podemos fechar a porta, enxotá-la, que ela não arreda pé. É neste suposto momento de descanso e nada privado, que ela decide fazer conversa sobre a mais variada miríade de coisas. Pronto, sei lá. Se calhar fica inspirada. Uma pessoa, lá acaba por tolerar a presença dela. Afinal, é pequena, não entende ainda certos tipos de limites, além de que a família têm um hábito peculiar, que é ir à casa-de-banho e deixar a porta aberta. E não há dúvidas de que quem vai à poltrona e deixa a porta aberta, está mesmo a pedi-las, para ser desassossegado, independentemente do que quer que esteja a fazer. 

Então, está a pequenita à minha frente, a falar que se desunha e observa que me vou limpar do chichi. Adianta-se a mim, vai buscar um pouco de papel higiénico e fica à minha frente à espera. E eu a olhar para ela. Pensei que me ia dar o papel, mas não podia estar mais enganada. Ela estava à espera, porque me queria limpar! Pois é, pois é. Tal como eu a limpo a ela, ela acha mega normal me limpar a mim também.

Como podem calcular, dei-lhe uma corrida. Mas não deixei de me rir sozinha, de ela estar à espera de me limpar o rabo. Valeu pela intenção, devo frisar.

Mas será que só a mim me acontecem estas coisas?

E uma pessoa fica assim, com ar de quem já foi entalado com uma pinta da peça das Caldas.

frito e escorrido por Peixe Frito, 04.10.19

Festa de aniversário do espécime mais jovem da família, este fim-de-semana. Eu, tranquila, decidi que a manhã desse dia, seria passado na ronha, dormir, lanzeirar, descansar, a fim de recuperar da semana e, depois disso tudo, ir antes da hora à festa para dar uma mãozinha. Mas e quando se antecipam a nós?

- Peixa, olha, a mãe Peixa teve a perguntar-me em quê que precisamos de ajuda para a festa da rabinho pequeno, para ajudar. Nós vamos para lá às 11hrs da manhã - a festa é às 15:30, só para saberem. Até estou admirada por não irem para lá no dia anterior - para começar a decorar o espaço. E pronto, mas amanhã falamos melhor para ver o que é preciso...

E eu fiquei... 

1.º A mãe Peixa já me entalou a soneca da manhã.

2.º O pai da criatura estava a dizer que eu estava entalada porque precisa de ajuda, mas tive de descortinar pelo meio daquele discurso que, se observarem, deu a volta com uma pinta do caraças para o meu lado.

3.º Antes de aceitarem serem padrinhos ou madrinhas de criaturas, lembrem-se de que estas coisas vão sempre sobrar para vocês... SEMPRE. Deixem lá os vossos planos de ressonar e babar a almofada ou da trancada da manhã, que têm de ir ajudar a fazer arcos de balões e a encher piñatas numa festa infantil.

Aprendam comigo, que não duro para sempre.

A cromice é mesmo de família, confere.

frito e escorrido por Peixe Frito, 30.09.19

Alguém recebeu um brinquedo novo no seu aniversário e veio mostrar-mo toda contente. Queria era brincar comigo mas como era dia da semana e depois de jantarmos ficava tarde, combinámos que sábado ela o levaria, para podermos então brincar as duas. Resposta de volta: "Quando é sábado??". Explicar a uma criança que ainda falta muito para sábado, visto que a semana ainda agora tinha iniciado, é dose. Porém, chega sábado e a costumeira reunião dos animais todos no aquário mor dá-se.

- Então rabinho pequeno, trouxeste a tua casinha nova dos pinypons para brincarmos as duas?

- Não - e suspira - Sabes tia Peixa, eles têm a casinha em obras. Não posso trazer a casinha se eles estão a fazer obras lá.

- ... Não me digas que estão em obras? Estão a fazer o quê, a pintar a casa?

- Sim, estão a pintar a casa.

- Grandes malucos, esses teus pinypons.

Desatou a rir para mim, naturalmente que já sei que é ela a gozar comigo, mas nenhuma das duas se desmancha. Tanto que no dia seguinte, lhe voltei a perguntar se eles já tinham pintado a casa, mas pelos visto as obras estão a correr mal, que ainda não estava totalmente pintada.

Valha a imaginação daquela criatura pequena. Quem sai aos seus, não é mesmo de Genébra.

Estou a um passo de ser a tia solteirona que vive com a casa cheia de gatos - mas sem gatos - e nem dei conta da situação.

frito e escorrido por Peixe Frito, 11.06.19

- Tia Peixa, quando crescer quero ser como tu ou como o pai.

- Como eu ou como o pai? Assim como? Alta? Grande? - vontade de complementar com "parvos" e "com pancada na cabeça sem precisar de apanhar sol a torrar os miolos".

- Assim... como tu.

- Pronto, okay - fiquei na mesma, para ser honesta.

- Como tu... mas com bebés!

- ...

Não sei se hei-de ficar elogiada ou se coiso. Maneira amável de me sentir encalhada 

As crianças e as suas cenas, não é verdade? Qualquer dia, os meus sobrinhos invés de me darem coisas com caveiras ou unicórnios - vá-se lá saber o porquê dos unicórnios, mas pronto - ainda me dão um kit destes, pelos anos:

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Com um bolo de aniversário assim:

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E depois começo a decorar a casa assim, ao fim de uns tempos:

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A minha safa é ter alergia aos bichos, senão, acho que não me safava mesmo, pelo andar da carruagem.

Quando o telefone toca a aquela hora... é sinal. Não do Batman, mas quase.

frito e escorrido por Peixe Frito, 07.06.19

Existem centrais de lavagens e automóveis. Eu, tornei-me não numa central, mas numa criatura freelancer de lavar cús a crianças. Passo a explicar. Não há dia em que ao fim do dia não receba uma chamada da mãe Peixa, a solicitar os meus préstimos, para ir dar banho ao animal pequeno, que é a Rabinho Pequeno. Então, porque aquele ser vêm da escola e quando não toma banho nos avós, toma em casa, porém, se a fera já for de banhinho tomado para casa, poupa o cabelo dos pais ficar grisalho, o estandarte que é que parece que estão a dar uma carga de porrada à criança, o ela andar a fugir da mãezinha a correr nua pela casa, e coisas do género. Conseguem entender a situação. Ela adora tomar banho - têm dias na verdade - na casa dos avós. Mas, há dias que nem a avó a consegue convencer a tomar banho, pois ela argumenta com toda a veracidade:

- Avó, hoje não posso tomar banho aqui na tua casa, porque a mãe não deixa.

Frente a argumentos destes, a avó fica desarmada, como podem calcular. De modo que, por vezes têm de chamar o armamento da pesada, a malta underground, que ouve metal e adora tatuagens... Quem? Eu. Yep. Aquela criatura todos os dias pergunta à avó se eu lá vou a casa, para lhe dar banhinho. Se for eu, toma sempre. Se for outra pessoa, dá volta à situação e raramente toma banho nos avós.

Graça achei, ao eu lá ter ido um dia e ela estar a dormir. Levei reprimenda no dia a seguir!

- Tia Peixa, ontem não vieste cá!

- Vim, sim. Tu é que estavas a dormir.

- Estava a dormir? Não me lembro de cá vires.

- Pois, se estás a dormir... Não te lembras de me ver.

- Não me deste banhinho.

- Não... estavas a dormir.

- Mas porque não me deste banhinho?

- Porque estavas a dormir.

- Mas podes dar-me banho comigo a dormir!

E a razão dela gostar tanto que eu lhe dê banho? Não faço a mínima ideia. Mas que gosta muito, gosta. De tal maneira que, como comecei acima, todos os dias tenho uma chamada ao fim do dia, a saber se lá vou passar, para lhe dar banho.

Se é esse o modo de se conseguir que ela tome banho sem o mundo acabar, a malta vai esfregar-lhe a piolheira e o rabo com todo o gosto.

Para o que haveria eu de estar guardada.