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Ó da guarda, peixe frito!

Vai com arrozinho de tomate?

Ó da guarda, peixe frito!

Vai com arrozinho de tomate?

Quase parecia que nos queria era agredir, tal ultraje!!

frito e escorrido por Peixe Frito, 26.05.22

Com tom de indignação, resmunga a Rabinho Pequeno:

- Já viste tia Peixa?? O pai comprou as velas a dizer que fazia 34. 34!! Mas ele não faz 34!!

Crianças. Mal percebeu ela que bastava trocar as velas.

Sempre ouvi dizer que há uma primeira vez para tudo.

frito e escorrido por Peixe Frito, 24.05.22

Se há coisa que nunca pensei, foi proferir tais palavras e ainda mais, a um homem:

- Queres vir comigo ver morcegos?

Há quem veja as estrelas. Observe as perseidas. Desfrute de um eclipse ou lua de sangue. Agora, ir ver morcegos?

Só eu. É que é tão romântico, que até dói. O que vale é que a ideia não é essa, porque se fosse... acho que ganhava só pela originalidade.

Lá vai o Batmam emigrar ou meter baixa ou vai de férias, ao saber que eu vou andar a observar morcegos naquele dia. É o preço que a humanidade têm de pagar, para que eu possa andar a passarinhar durante a noite, a ver bichezas (noite escura + morcegos pretos = não se ver um rabo. Mas fica a intenção de se ver um vulto ou sombra de morcego, na noite).

True Story. Isto aconteceu com uma amiga de uma amiga minha.

frito e escorrido por Peixe Frito, 11.05.22

A ver as horas a passarem e nada de aparecer a companhia para ir ginasticar. Manda sms:

- Ainda demoras? Daqui a nada não ginasticamos nada de jeito!

- Estou só a acabar o número dois e já vou.

«Número dois? Deve ter-se enganado na sms, só pode. Vou ligar-lhe!!»

- Sim tia...

- Olhaaa, não te enganaste na sms? Era para mim? Estás muito atrasada? - diz a criatura com tom inquisitivo e meio a roçar o aborrecido.

- Não tia, estou só a acabar o número dois e já vou ter contigo.

- Número dois? Mas que é isso??

- Ó tia, a sério... Não sabes?? (*risos*) Estou na casa-de-banho a fazer troncos de árvore (alterei as palavras pois este é um blog familiar, não há cá palavreado mal amanhado e merdices dessas)

- Ah, oh, desculpa! Não sabia que também se chamava isso a largar cordas de navio! Desculpa, fico à tua espera.

Só vos digo uma coisa... Certamente se fosse eu que estava a libertar os prisioneiros, não iria atender o telefone! Então está ali uma pessoa a parir pedaços de tijolo e a ligarem-lhe? Haja paciência. Novas tecnologias dão nisto, nem na poltrona temos privacidade.

Posto isto... belo momento de arrepios-de-vergonha-alheia, ou não foi? Ah foi, pois!! 

Parece uma anedota mas acreditem que é verdade.

frito e escorrido por Peixe Frito, 10.05.22

Quer dizer, no fundo, até nem se vão admirar:

Chega a altura do aconchego dos lençóis e haja lá maior maravilha do mundo, do que deitar a cabeça nas mantas da nossa bela caminha. O cansaço acusa, a mente vagueia livremente pelos campos verdejantes, cheios de flores viçosas e borboletas que pousam aqui e ali... rios que correm... riachos frescos, pedras com musgos.. e sapos. Sapos?... (*momento de reflexão*) (*pergunto-me*)... «Será que os sapos nadam de costas??»

Pois é, o João Pestana tem mazé de começar a verificar a validade dos pós que larga na malta ou que tipo de pó nos polvilha, é que isto de dar por mim a pensar se os sapos nadam de costas, aquando estou a relaxar para começar a cozer batatas e babar a almofada... Têm lá jeiteira! Há quem conte mémés. Há quem pense onde está o Wally. Há quem pense se amanhã faz sol pois têm de estender a máquina de cuecas lavadas. Há quem pense na origem do universo: eu penso nos estilos de natação dos sapos. Está certo!

Isto era maz'era combinação já magicada com antecedência.

frito e escorrido por Peixe Frito, 22.04.22

Há hábitos que não se perdem e um deles, é dizer a alguém da família de que aquele animal que está a dar na tv, é ele. E sem critério, um animal qualquer completamente aleatório. Felizmente, todos têem sentido de humor e ninguém fica ofendido, pois a ideia é essa, brincar e não andar a chamar nomes às pessoas de modo indirecto. Ora, a ver um filme de desenhos animados, digo eu à Rabinho Pequeno:

- Olha, aquele ali és tu. E aquele o pai, aquele a mãe, aquele o gato, aquele o piriquito.

E aparece um camaleão com olho de vidro, um olho virado para a China e outro para a América. Diz logo ela:

- E aquele és tu, tia Peixa!!

Fosga-se, com tantos animais foi logo escolher aquele mais raimoso.

- Sim, então não sou? Não vês que é a minha vestimenta de ir à praia??

- Vocês têem a mesma cor de sombra nos olhos - diz ela a rir.

Um facto. Eu e o camaleão tínhamos a mesma cor de sombra.

Mais à frente, aparece novamente o camaleão em cena, desta vez em um bruto descapotável com música alta e diz logo ela:

- Olha tia Peixa, olha!! Olha tu novamente!!

- De facto, Rabinho Pequeno, sou mesmo eu. Ora, eu tenho essa música no carro e tudo! - tenho mesmo.

E não é que o raio do camaleão estava a ouvir metal no carro? Se havia dúvidas que eu estava a ser caracterizada pelo camaleão, ali ficou tudo em pratos limpos. Duas metades da mesma laranja. Gémeas separadas à nascença. Uma humana e outra... animada. Será ela o meu animal totem? Fica a questão no ar.

Qual a probabilidade? Mas qual MESMO? Pois é, é como é. Começo a achar que o universo está sempre à espreita para sacar um coelho da cartola na minha vida, mesmo nas coisas mais improváveis. O menino podia ir para aqueles shows de comédia de improviso, que se safava tranquilamente...! E olhem que aquele dia até estava a correr bem e pacificamente. Decididamente, não tenho um dia de folga. Até já com desenhos animados... Ninguém merece!

Mas que verdadeiras mãos de fada, ó senhora!

frito e escorrido por Peixe Frito, 21.04.22

Tenho a pancada de fazer coisas caseiras - ainda ninguém tinha notado, o post das bananas passou ao lado - Sou adepta das coisitas feitas e confeccionadas em casa, daquelas que é melhor o grão cozido por nós e não o de produção industrial, assim como molhos, doces e compotas, sei lá eu que mais... aliás sei, eu é que não estou para estar aqui a enumerar tudo, tenho mais que fazer - qualquer dia, até as minhas roupas faço, com tecido produzido a partir de fibras de folhas de plantas, vou verdadeiramente parecer a Jane. Ao menos, com as lavagens, a traparia vai hidratando e até poderei ser presenteada com o florir de um dente-de-leão, algures na roupa. Ou daquelas coisas que se fumam, se fôr tecido de cânhamo. Aparte: se imaginassem a quantidade de piadas bardajolas que me passaram pela cabeça, desde o uso da palavra "desabrochar" ao me lembrar da música e anedota do canguru que tinha a flor na bochecha ou quantos pêlos têm ele no nariz...? Adiante!! - ontem decidi fazer pizza para o jantar. Mas não uma pizza qualquer! - no fundo no fundo, era com o que havia no frigorífico - Pizza caseira! Amassar a massa e todas essas coisinhas maravilhosas que nos fazem exercitar sem termos de ir ao ginásio e que consegue encher a cozinha de farinha até no sítio mais recôndito da bancada, por muito cuidado que se tenha. Para mim, a farinha é bicho selvagem: temos de ter cuidado, não respirar muito nem fazer barulho, e especial cuidado com o contacto visual, que ela esparrama-se logo, principalmente para onde não queremos que ela se expanda. Há que manusear com cuidado e suster a respiração, ter óculos de sol de lentes espelhadas, para a bicha não se espantar. Tudo muito controlado. Ora, lá fiz a massa e o respectivo recheio com molho de tomate - de compra - cogumelos laminados - frescos mas de compra - queijo ralado - de compra - espinafres - bebé, lavado, pronto a usar... de compra - e orégano  - de...? Compraaaaaaa!! Ainda bem que sou adepta de coisas caseiras - e meti a bicha a assar no forno. Só tenho uma coisa a dizer: Depois de assada, que linda ela estava! Eu até me dei ao trabalho de fazer desenhinhos com os ingredientes e tudo. Sim, estava um primor e eu esmerei-me. Decididamente, dei tudo na decoração desta pizza. Incluindo os olhos para a farinha  polvilhar. Quando a provo, o tempo desacelerou, tudo ficou em câmara lenta, ouvi harpas dos anjos, cânticos celestiais, juro que saiu um arco-íris dos meus olhos e era só raios de sol em minha volta. As minhas papilas gustativas abraçavam-se, choravam de alegria, nem queriam acreditar naquilo que estavam a viver e presenciar. Como era possível uma paparoca daquele calibre? Como? Só podia estar guardada pelos anjos, numa ilha remota, dentro de um baú vazio, enterrado na areia! A minha vontade foi de largar tudo e abrir uma roulotte de pizzas - a aquela hora não dava lá muito jeito e estava frio, eu de pijama e assim, agora vestir novamente? meh!! - e também me bateu de rompante em pegar na pizza e sair para a rua, dando pedacinhos a todas as pessoas com quem me cruzasse, para lhes dar um pouco de felicidade e cor aos seus dias cinzentos, mudando a sua existência para todo o sempre. É que foi uma pizza mudadora de vidas, acreditem. Eu hoje não sou a mesma! Nem dá para explicar! No meio disto tudo, como viram, os ingredientes são simples, singelos, corriqueiros, nada de extraordinários, fazendo assim tudo ainda mais um ficheiro digno dos ficheiros secretos a ser investigado por Fox Mulder e Dana Scully. Mas eu sei qual o ingrediente secreto, sabem qual é? Nada têm a ver com a decoração linda e maravilhosa que fiz, até soltei uma lágrima ao fatiar a pizza, nem a ver com eu não ter lavado as mãos desde que saí de manhã de casa até depois da confecção da pizza, nem com o facto de ter ido pôr o lixo fora e ter mexido em todas as maçanetas que passei até lá, incluindo a tampa do caixote, nem com o aspecto de ter terra debaixo das unhas por ter estado a jardinar, ano passado! É de mim. Pá, é de mim. O ingrediente secreto, sou eu. O amor que debitei ao amassar a massa. Agora sim, compreendo perfeitamente o pai do Po, do Panda do Kung Fu. O amor faz milagres. Torna tudo maravilhoso. Menos o tentar aspirar e limpar a farinha das bancadas e dos tapetes, bem como tornar uma máscara de banana funcional, sem emaranhar a piruca às pessoas. Mas torna sim. Ou é isso, ou levei com demasiada farinha na fronha. O que não pode ser posto de fora. Embora eu ache que se estar com fome, possa contribuir com o aumento da maravilhosidade de uma refeição. Digo eu, só de surra. Não tirando o mérito às minhas mãos de fada e ao meu ser, que pelos vistos, encantou a massa da pizza.

Acho que tenho de ponderar em mudar de área e me dedicar às pizzas. Á fome, não desfaleço. Ao menos isso. Agora de resto... quem sabe??

Alerta à sociedade (depois não digam que não aviso, aquando há perigo eminente)

frito e escorrido por Peixe Frito, 19.04.22

Não sei se é do vento, se do vento ou do vento ou da poeira que anda no vento ou se é do vento que faz os pássaros pensarem duas vezes antes de levantarem vôo pelas suas asinhas, ficando todos desgovernados a parecerem um avião sem controles e a cair a pique se se atreverem a esticar as asas no dia de hoje aqui por estas bandas - até as ovelhas devem estar de lã esticada até aos casquinhos, hoje nada de caracóis no cabelo ou pêlo da malta, venta tanto mas tanto que tudo fica liso como o esparguete, adeus permanentes à piruca, olhem dias destes nos 80's quando as permanentes estavam na moda, belo bico de obra que seria - ou se é o vento que até faz os caracóis andarem a alta velocidade, concorrendo com o Faísca McQueen, sendo uns verdadeiros Usain Bolt de casa às costas - até a ranhoca seca dada a jarda - dignos de irem para o autódromo para um tracking day caracoleiro, ou se simplesmente é porque é assim, as coisas são como são, é o que é, olhem há que aceitar o que não podemos mudar nem à base de medicação e gotas: 

Os podcasts vão voltar aqui à fritadeira. Sim, além de lerem, vão poder ouvir-me a narrar o post. Se o vosso dia já estava fantástico, ainda ficou mais maravilhoso, eu sei. Ainda fiquei naquela se haveria de dizer aos leitores a situação mas decidi correr o risco de vocês sofrerem enfartes ou crises de ansiedade, pela novidade aqui descrita.

Talvez vai ter um dia fixo. Talvez seja somente um por semana. Provavelmente será mais curto do que os rolos de papel higiénico que costumo debitar. Tentarei da melhor maneira que as minhas legendas funcionem, se houver algum conflito entre o som da minha voz e a cera dos vossos ouvidos. Não se esqueçam de instalar codecs de vídeo, para que consigam ter as legendas a funcionar, de modo a me ouvirem perfeitamente.

O tema? Só Deus sabe. Estamos mesmo entregues aos bichos, é um facto.

Aceito opiniões, críticas, sugestões, desde que todas venham acompanhadas por um chocolatinho ou uma goma. Todas as expressões que não cumpram os requisitos, serão automaticamente ignoradas. É factor eliminatório. A quem cumprir, a direcção não garante que a vossa opinião seja de facto levada em conta. Mas isso não invalida que não o façam, tenham apenas em atenção que chocolate com avelã comam-no vocês, bem como nutella e coisas do género, porém tuli creme é aceitável. Posto isto, é isto.

Até breve.

Eu ainda me admiro com certas coisas.

frito e escorrido por Peixe Frito, 18.04.22

Isto das redes sociais, têm muito que se lhe diga e faz correr a tinta por muitos lados, muita produção de novelos de lã e ovelhinhas a passarem frio dada a quantidade de casacos tricotados e aumento de consumo de água, dada a saliva gasta resultando em garganta seca.

Não assim a maior fã destas redes, embora as tenha, meio que relutante lá criei uma conta tik tok. Com uma finalidade específica mas posso dizer que em pouco tempo que a tenho, admirei-me como se passam determinadas coisas por lá, nomeadamente os "live". Senhores a sério, eu sei que há "live" no youtube de malta a dormir e gente a assistir, devem ter mesmo muito pouco ou nadinha que fazer, olha eu ali a ver malta a dormir, possa que tédio. Mesmo com roncos pelo meio, possíveis quedas das camas, estrondos sonoros rectais ou até alguma assombração a aparecer em cena, é mesmo um desperdício de vida. Mas mesmo! Quando achei eu que não me iria surpreender com algo que, notoriamente, já bateu tanto no fundo - eu costumo dizer que atravessa o mundo e sai na China, do outro lado. Nestes casos, bate mesmo na parede do fim do mundo. Aquela que pronto, temos mesmo de fazer marcha atrás que não há passagem possível e imaginária, é que nem um portal dimensional dá para activar e passar por ali, simplesmente, zero - que não poderia encontrar nada pior. Ah pois é, e a Lei de Murphy, Peixa? Exacto. A Lei de Murphy. Andava eu a ver o feed e não é que me começo a deparar com "lives" que apelidei de "lives wtf": desde um senhor lindaço só a mandar charme às moças que entravam na "live", cumprimentando uma por uma com voz sexy e ar fresco e maravilhoso de quem esbanja sempre aquele sexappeal - uhhhh babe - mesmo quando vai à casa-de-banho, literalmente ali para ser idolatrado e massajado no ego, até outros de estarem a ver qual o ângulo melhor da sua cara e qual a luz que os favorecia mais, penteando o cabelo e tudo não falando com ninguém só ali armado em estorninho como o Narciso a olhar para a água da poça, a aqueles que parece que estão no meio da obra a fazer um "live", só porque sim - nova geração de trolhas, à falta de gajedo, fazem "live" e elas aparecem. Esperto, o tipo.

Resumindo, ao que a sociedade chega. Também vou fazer um "live" de quando estiver a limpar a casa ou a dobrar as cuecas, a ver se não arranjo um milhão de seguidores, só porque gostam da minha maneira de dobrar o cuecal.

Ao menos que fossem "lives" de coisas interessantes, como uns cantores de música popular a metro, com o seu orgão dos anos 80 e que cantam as suas covers muito mas muito mas muito mal cantadas, fazendo os ouvidos se recusarem a ouvir e a causar pesadelos e suores nocturnos a uma pessoa. Isso sim, vale a pena! Porque meia volta a alminha desafina e aquilo é qualquer coisinha de maravilhoso de passarmos arrepios-de-vergonha-alheia além de que sempre vamos curtindo um sonzinho digno de qualquer casamento ou de festa da aldeia. Só coisas a favor!

A sério que não sei como certas coisas têm audiência, seguidores e visualizações. Pelo que me parece, quanto mais ridículo ou lindão somos, não importa as figuras tristes ou o facto de abrirmos a boca e não dizermos "pão", o que importa é se estar ali a ver os outros naqueles preparos ou nos estarmos a babar, como se a aparência fosse tudo. Acho que a palavra "dignidade" saiu do dicionário de muita gente. Digo eu, assim só de surra. E o tédio ou falta de vontade de viver é tanta - ou preguiça extremamente aguda - que se dá audiência a essas coisas. Sempre ouvi dizer que há gostos para tudo e mercado para tudo, nunca pensei é que fosse tão à letra.

Deve sofrer de malapata, cheira-me.

frito e escorrido por Peixe Frito, 28.03.22

Parece calhar sempre tudo ao mesmo: ou o almoço aquecer demais no microondas ou o raio do café - com suposta nova pastilha - ralo ralo ralo. Assim um ligeiro tom de café sumido deslavado, descorado, sem espuma, pintalgado com leve aroma a café. Haja má sorte, não é?

Principalmente nas alturas em que, depois de lavar a loiça, são os colegas que preparam o seu cafézito e colocam uma pastilha já usada, na esperança de, distraído como só ele sabe, beber o café na mesma, mas que até agora têm sido situação furada:

- Eh pá, olha o café saiu tão ralo. É pastilha nova?

- Claro. Possa não me digas que novamente saiu o café assim? - diz um colega de ar pesaroso.

- Já não é a primeira... - complementa outro.

- Acho que temos é de reclamar com o fornecedor, que assim não pode ser - diz um terceiro.

Na questão do microondas, a conclusão a que se chega é que quando a pessoa é das últimas a aquecer, o microondas já criou efeito de estufa e então, os próximos pratos saem excepcionalmente a escaldar, mesmo só com dois minutos de aquecimento! É que é qualquer coisinha de espantoso! Palavra de honra, em como isso acontece! É isso, e a alminha estar distraída a olhar para o telemóvel e alguém, de surra, aumentar o tempo sem ele dar por nada. Milagrosamente, fica a escaldar, a paparoca. Coisas que não se percebem.

Ainda fresquinha fresquinha de hoje, foi o primeiro a pôr o comer a aquecer! "Ahhh, então hoje safou-se!", Não, nem por isso. Teve de ir buscar não-sei-o-quê a não-sei-aonde e um diabrete aumentou o tempo mais um minuto.

Resultado? Vamos-nos safando. Até ao dia que seremos apanhados. Mas a julgar pelo andar da carruagem, não está para breve. Até lá, vai-se levando a mesma, conforme se pode e no maior sigilo possível.

Às tantas achou foi que eu me estava a fazer ao piso!...

frito e escorrido por Peixe Frito, 25.03.22

...e que sempre tinha valido a pena tomar o seu banhinho mensal, pentear e pôr perfume.

Inevitavelmente, a minha vida é recheada de eventos e momentos de arrepios-de-vergonha-alheia, quer meus quer dos outros - mais dos outros, tenho o condão de presenciar cada coisa, que ó Senhor (*benzer sinal da cruz*) que me superam aos pontos, vírgulas e parágrafos - mas parece que as manhãs e fins do dia, são especialmente ricos nessas situações, quer seja porque as pessoas ainda estão ao rolentim, não acordaram para a vida e andam meio zombies, a sonharem com a almofada babada que tiveram de deixar em casa, sozinha, entregue aos bichos, pela manhã ou pela tarde, que já têem o cérebro frito, queimado, esturricado, armado em pipocas de microondas, com o modo zombie de cérebro dormente activado - este é diferente do da manhã. O da manhã ainda conserva réstias de inteligência, mas o motor ainda está a arrancar. O da tarde, já deu tudo o que tinha a dar, os olhos da cara, o couro e cabelo, o rabo e mais uns tostões e está mesmo com o botão "survival" e "sa f*da" premido e o piloto automático a tomar conta da situação há muito, estando o crânio vazio e o tico e o teco na esplanada a bebericarem uma imperial e a ratarem uns tremoços e minuins, observando os banhistas a levarem com as ondas no alto da pinha e beberem pirulitos - que tudo agrava, com o lume no cú de irem para casa o mais rápido possível. Eu que o diga, o que vivo na selva que é o trânsito ao fim do dia, com a quantidade de artistas do cinema mudo e as merdices que fazem, só porque estão aflitinhos para se teletransportarem para casa e se assolaparem no sofá, esquecendo que toda a gente têm vida e vontades e não só as amélias destes meninos. Mas adiante, fica tema para outro post.

Ora, há uns dias, logo pela matina, vivi um momento de arrepios-de-vergonha-alheia em primeira mão.

Imaginem estarem duas pessoas na rua, com distâncias de três passos uma da outra, de frente para a estrada e eu apenas conhecia uma. Adivinhem qual? A que estava mais atrás - só podia - Sabem que aconteceu, não é? Vai a Peixa e acena à tal criatura traseira, gritando um "Bom dia!!" pela janela do peixmóbil e eis que acenam ambas as duas criaturas ao mesmo tempo para mim, ambas as duas me desejam os bons dias e o da frente estava assim especialmente com um ar sorridente e estranho à Zé Tonhó das Couves, mega feliz da vida. E eu para mim "Mas quem é aquele artista?". Os arrepios-de-vergonha-alheia funcionam em ambos os sentidos: eu, porque sei lá que ficou o homem a pensar, por uma perfeita estranha lhe acenar daquela maneira e de maneira efusiva. Talvez que não aperto o casaco todo e coitada, não se diz que não aos malucos, deixa lá acenar à moça que ela assim fica feliz e a mim não me cai uma mão, ou dente, ou pé ou cabelo! Além de que pensei que é sempre mau retribuir acenos quando não são para nós. Senti compaixão, ao ir ao baú e recordar todos os meus momentos de arrepios-de-vergonha-alheia, que me passou rápido e pensei "tótó, a usurpar cumprimentos alheios com a maior das caras podres". Acontece a todos, mesmo. Venha lá o maior da aldeia, a ver se não lhe toca a ele também as figuras tristes. E o outro sentido em que funciona, basicamente é unilateral e rotativo, entrou em um sentido de rotunda, entra em contra-mão na mesma estrada que acabou de percorrer, na semelhança da carta de virar de sentidos do Uno, entendem? "Travões ó pessoal, agarrem-se que vamos fazer uma manobra perigosa de mudar de sentido". - isto de funcionar em ambos os sentidos neste caso, é similar como em alguns relacionamentos: só têm um sentido e não bufas. "Ah mas quero lá eu impor a minha opinião, eu respeito a tua maneira de pensar, liberdade...! Maaaas....."

Pois é, pois é. Não sei quem é, de onde vêm, para onde vai, o que come, bebe, enfim... só sei que respira, porque é uma pessoa - acho eu, pode ser um alien ou um robot, sabe-se lá, nos dias que correm nada é o que parece - e tal espécime nunca mais foi visto por estas paragens. Talvez tenha percebido que o cumprimento não era para ele e se esfumou, cavou um buraquito até à China e viveu feliz para sempre em uma gruta, com vista para o interior da terra (que luxo!).

É por estas e por outras, que raramente aceno a alguém: com o filme que a minha vida dava, era certinho como o sol em como não seria para mim, o aceno. Por isso, mais vale estar quieta do que fazer figurinhas - já bastam as normais.