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Ó da guarda, peixe frito!

Vai com arrozinho de tomate?

Ó da guarda, peixe frito!

Vai com arrozinho de tomate?

Lei de Murphy. E está tudo dito!

frito e escorrido por Peixe Frito, 15.05.19

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Calor abrasador. Tão abrasador que a fruta desmaia e cai da árvore e os tomates assam no pé do tomateiro, em plena horta. Calçar ténis com dias destes, é um enorme potencial de cheirar a chulé, sem falar do calor que se gera dentro dos mesmos - só nos apetecendo descalçar - e do transpirar dos pés, gerando lagos e escorregas dignos de parques aquáticos. Detesto ir a andar e a escorregar dentro do meu próprio sapato. Lindo. Pareço uma gazela que nasceu há minutos e está a aprender a andar. Sapatos, sofrem da mesma questão. Solução? Bem que me apetecia calçar hawaianas mas na falta de consentimento da entidade patronal de ir trabalhar com vestes à verão, calcei umas sandálias. Todas panisgas e fofinhas, diga-se de passagem. Fartei de chinelar por tudo o que era sítio, a descer escadas então, parecia um concerto de Stomp. Vantagem maravilhosa foi o factor de poder descalçar as ditas sandalitas, enquanto estava sentada na cadeira, ao computador. Maravilhosos, deixem que vos diga. Fantástico. Barbatanas ao ar, sem aromas que davam vontade de ir buscar um pão e cortar uma fatia para acompanhar... Fenomenal. Naturalmente, não há bela sem senão. Ao fim do dia, quando calcei dignamente as sandálias para ir para casa, vi que uma estava a descolar totalmente a forra onde prendia o pé, dos dois lados. Resumindo: próximo passo e vais mesmo ficar com os presuntos ao ar e no chão. Infelizmente, não deu para remediar a situação pois dado o tecido, não havia cola nem fita que aderisse ao animal, de modo que... fui calçada até ao peixmóbil e conduzi descalça.

Pensei para com os meus botões que não tenho, que quando chegasse ao bairro, até conseguiria ir efectivamente descalça até ao meu andar, pois a aquela hora não me costumo encontrar com ninguém, seja vizinhos seja gente na rua. Congeminei o plano perfeito: estaciono o mais perto da porta do prédio possível, pego na sacaria toda, verifico se o chão têm vidros ou merdas coisas que me possam magoar, dou corrida pelo passeio, abro a porta do prédio, entro à velocidade do Flash e está feito! É, né? Não. Óbvio que não!! Começando do principio: conduzir descalça. Ah e tal, vou pela autoestrada que não costumo apanhar muito trânsito e a esta hora, naquela rampa mega inclinada para sair do trabalho, não há assim carros e ponto de embraiagem com probabilidade de fazer figuras de ursa e maçarica a deixar ir abaixo a viatura, são probabilidades quase nulas. A questão é que apesar de probabilidade quase nula, há probabilidade e é exactamente esses 0,0000001% que nos vêm morder o rabo. Apanhei um trânsito demoníaco. Uma fila enorme para entrar na estrada principal, onde tive mesmo de ter cuidado a fazer o ponto de embraiagem - passar de saltos todo o dia para zero saltos, sabem as senhoras como os pés ainda estão meio estranhos - e não fazer arranques que quase arrancavam o alcatrão da estrada e faziam uma colina na rampa. Ultrapassada essa situação, trânsito, gente e mais gente. Gente, gente, gente. Rotundas. Carros com falta de piscas. Razias às viaturas com ultrapassagens de alguém sem cérebro. Sobrevivi à aventura que é andar no trânsito ao fim de um dia de trabalho e cheguei ao bairro. Ninguém à vista! Excelente. Lugares em frente à porta do prédio: mais uma vez quero agradecer às alminhas doces e amorosas, tão doces que até enjoam e causam diabetes ao próprio açúcar, por estacionarem mal os carros, sem respeitarem os traços no chão que delimitam o parqueamento, fazendo com que quem estacione entre viaturas, tenha de sair pela bagageira ou pelo tecto de abrir. Agradecida do coração. Me fizeram andar uns metros para baixo com tanto lugar à porta, somente porque não gosto de fazer yoga para sair do carro nem aprecio quicadas de portas na minha viatura. A tipa é de cor escura e eu não aprecio efeito "dálmata" na pintura dela. Lá estacionei mais para baixo. Sempre sem ninguém à vista. Pego nos tarecos, abro a porta, examino com cautela o chão. Luz verde. Tudo está alinhado conforme a vontade divina de eu chegar a casa bem e segura. Salto do carro e lá vou eu, aos saltinhos pelo parqueamento e passeio, fazendo crescer tufos de ervas viçosas floridas e aparecerem borboletas por onde quer que eu pisei. Porta do prédio! muhahahah (*gargalhada maléfica*) Ninguém à vista!! Saco da chave para abrir a porta, enfio na fechadura do prédio e... aparece o meu vizinho do rés do chão e abre-me a porta. Yep. Assim do nada, materializou-se o homem, tipo nevoeiro em que apareceu D. Sebastião, assim veio ele e me abriu a porta. Trocámos sorrisos, cumprimentámos. «ele não notou», pensei.

Estou eu em frente ao elevador, prestes a abrir a porta e o rapaz a sair do prédio, a fechar a porta, olha para mim e me diz:

- Mas então, você está descalça??

Só olhei para ele e me ri a bandeiras despregadas.

- Sim... estou descalça.

Riu-se. Abanou a cabeça e foi embora.

Resumindo: Onde estão os cavalheiros?? Não me podia ter perguntado se precisava de um chinelo, chanata, mocassin, peúga, fita cola para enrolar à volta dos pés ou até me ter pegado ao colo e ter levado até porta do meu apartamento, para eu não andar descalça? tsc tsc Já não há homens como antigamente.

O que o raio do calor consegue fazer às pessoas. Tudo por causa de não ter os pés a cozinhar ao vapor dentro de calçado fechado. Ninguém merece.

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