Nas coisas em que eu me meto!
O criancedo da família, descobriu a magia das canetas e agora, meia volta e de surra, vai de riscar qualquer coisita. O problema, é quando a imaginação fala mais alto:
- Ai meu Deus cú rabinho pequeno!! Mas tu estás toda riscada de caneta!! - exclama a mãe do ser, ao observar a sua tenrinha filha, com riscos num braço e numa perna.
- São tatuagens mamã. Sabes, eu gosto de tatuagens.
A mãe pega nela, vai de lhe esfregar a perna, numa tentativa de lhe tirar as "tatuagens".
- Nãoooooo mãe - chorava e berrava a cú rabinho pequeno - Deixa!! Eu gosto de tatuagensssss!!
Até que o pai interviu e disse à mãe, para ela deixar a criança sossegada, tal era o aparato, que aquilo depois logo se tirava.
Ainda riscada, um pouco mais tarde, lá volta ela a dizer à mãe:
- Sabes mamã, eu gosto de tatuagens. O pai têm tatuagens - e mostra os riscos em zonas onde o pai também têm uma tatuagem, orgulhosa. Nada orgulhosa estava a mãe, em brasa diga-se de passagem, pois a miúda estava mais riscada do que um livro de pintura infantil, quando eles estão a aprender a pintar.
Num outro dia, em casa da cú rabinho pequeno, estava eu sossegada da vida e aparece ela com a sua bela da caneta.
- Ó... que andas a fazer com a caneta?? - digo-lhe eu.
Olha para mim, agarrada à caneta como se fosse um ursinho de peluche e diz à mãe:
- Mamã... vamos fazer uma tatuagem?? Uma caveira??
- Filha.... não te vás começar a riscar que acabaste de tomar banho...!
Que acham que aconteceu? Em fracção de segundos, imaginem a cena em câmera lenta, da mãe a levantar-se, a cú rabinho pequeno a tirar a tampa da caneta e rabiscar o braço. A mãe bem se esticou, mas faltou-lhe um bocadinho assim (um danoninho). Estava o caldo entornado.
- Eu não acredito!! Ai que eu não acredito!! Já te riscaste todaaaa!!
E a cú rabinho pequeno, com aquele ar de gato das botas, de quem sabia que ia levar nas lonas.
Digo-lhe eu:
- Olha, se é para te tatuares, deixa lá que eu tattoo-te. Deixas-me fazer um coração no teu braço? Assim aqui, no sítio onde eu tenho a caveira.
Óbvio que esticou logo o braço, a mãe a ferver ao lado e eu disse-lhe:
- Riscado por riscado, deixa lá. Ao menos não são das obras de arte dela.
Lá fiz o coração no braço da criatura. Agarra na caneta e diz-me:
- Tia Peixa!! Posso desenhar um coração no teu braço?
Eish... ah pois é. Esta foi culpa minha. Que direito tinha eu de dizer que não? Nenhum, né? Estendi-lhe os dois braços e disse-lhe que escolhesse em qual queria fazer o coração. Saí de lá com uma coisa a parecer um amendoim, tamanho xxxxxl, que bem que esfreguei a tinta que não saía, já a ver o caso mal parado, que tinha de dormir com o braço de molho em água e sabão, e mesmo assim, não era garantido que a tinta saísse. Mais depressa a pele, talvez. Porém, nada paga a felicidade daquele ser ter um coração desenhado no braço e me ter feito um a mim - e lá a safei de um ralhete da mãe. Ás vezes ainda é pior lhes dizer que não podem fazer. O fruto proibido é o mais apetecido.