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Ó da guarda, peixe frito!

Vai com arrozinho de tomate?

Ó da guarda, peixe frito!

Vai com arrozinho de tomate?

Deus me dê paciência e um paninho para a embrulhar.

frito e escorrido por Peixe Frito, 13.10.23

Não necessariamente a mim, mas a quem me atura. Ora imaginem só, receber uma prenda advinda do cardume, em que a Rabinho Pequeno foi a mensageira, acompanhada pela Rabinho Gordinho, assim na dela a observar e a dar apoio moral à outra criatura.

- De certeza que vais gostar, tia Peixa!! - começa por dizer a Rabinho Pequeno.

Peguei no saco e comecei a adivinhar:

- É uma bomba...? Não posso abanar muito? - e encosto o saco ao ouvido.

- Não! - diz a Rabinho Pequeno.  Rabinho Gordinho sempre a observar, encostada à ombreira da porta.

- Hum... Um unicórnio??

- Nãoo!

- Um gato? Cão? Piriquito?

- Nãaaaooooooo!

Silêncio.

- É... (*de repente, interrompida por  Rabinho Gordinho*)

- É uma mala!

Pronto. As crianças hoje em dia pá... dão cabo do suspense todo. E eu da paciência delas.

Quase parecia que nos queria era agredir, tal ultraje!!

frito e escorrido por Peixe Frito, 26.05.22

Com tom de indignação, resmunga a Rabinho Pequeno:

- Já viste tia Peixa?? O pai comprou as velas a dizer que fazia 34. 34!! Mas ele não faz 34!!

Crianças. Mal percebeu ela que bastava trocar as velas.

Isto é que é viver a vida no limite e arriscar o bem estar.

frito e escorrido por Peixe Frito, 22.12.21

Eu adoro prendinhas. Assim miminhos! Como às vezes digo, podem apanhar a flor mais raimosa que se encontre à beira da estrada e ma dar, que eu vou ficar felicíssima pelo gesto e guardá-la com todo o amor e carinho - após a desinfectar adequadamente, que isto de ter gases dos escapes nas flores, não dá com nada - Porém, não faz de mim não desconfiada. Ora, recebi um miminho advindo de uma série de prendinhas natalícias, que meninos do jardim de infância fizeram. Mais concretamente, algo comestível: bolinhos. Andaram armados em pasteleiros e então fizeram a massa e os bolinhos para oferecerem, bem como decoraram as embalagens. Como disse, a mim tocou-me uma dessas embalagens e eu fiquei muito agradecida. Mas...! Desconfiada. Toda a gente sabe que onde as crianças metem as mãos, javardeira há na certa. Quiçá o elemento crocante na massa seja um macaquinho ressequido ou aquela pintinha de cor, um pouco de plasticina que se infiltrou - sabe Deus como! - na massa. Devia de querer apanhar bronze, com certeza. E compreende-se!

Admito que comi os bolinhos como se desconfiasse que os mesmo tinham ali sementes de datura estramónio, cheirando e observando a cada dentada, não fosse apanhar uma pata de aranha ali pelo meio. Estavam bons, sim senhor! E sim, sobrevivi para relatar a história - óbvio... mas poderia estar a escrever este post do Além, com o wi-fi e estas tretas de 8G, podia perfeitamente estar sentada de peida na nuvem a escrever o post - digna de constar nos livros de feitos e conquistas, porque não é qualquer um que arrisca assim a sua criatura, em prole de papar uns bolitos, por mais jeitosos que soem, feitos por crianças.

Não consigo evitar não suspeitar e agir com desconfiança. E ratei todos os bolinhos porque me foi garantido que tudo foi bem coordenado, e que os fedelhitos apenas amassaram a massa sobre a mega supervisão da educadora e decoraram o saco. Sem grandes chafurdices e badalhoqueiras.

É que quem convive com crianças, sabe bem o quanto a casa gasta. Todo o cuidado é pouco. Pena que a minha máquina de raio-x estava avariada, senão até por scan, os bolinhos passavam.

As caras de enjoada cada vez que me olhava, foi a cereja no topo do bolo.

frito e escorrido por Peixe Frito, 07.12.21

A observar-me profundamente e eu a aguardar o que é que iria sair daquela cabecinha:

- Tia Peixaaaa... O teu cabelo é esquisito.

- Então porquê?

- Porque tens duas cores no cabelo! - ar de desdém - Em cima é escuro e depois abaixo, claro!

Como explicar a uma criança o que é um degradé e que raio de pintura tenho eu no cabelo, com aquele nome todo pomposo que só iria fazer com que ela me olhasse ainda mais de esguelha?

- É como ele está pintado: em cima louro escuro, que é a cor do cabelo da tia. Nas pontas, mais claro, que é pintado.

Torcer de nariz.

- Ai, é estranhoooooooooo.

E pronto. O que me vale é a honestidade. Aqui está o meu lembrete de que tenho de ir à cabeleireira.

Mas a maior moral, vêm de quem está sempre com o cabelo com ar de quem acordou há 5 segundos e andou a lutar ao pau com os ursos, não vendo água há umas semanas e já tendo criaturas pequenas albergadas no interior. Porém... o meu cabelo é que é esquisito! 

No fundo, não está mal dizido. Até têm razão.

frito e escorrido por Peixe Frito, 05.11.21

Eu e a Rabinho Pequeno, com ela a ver todas as cores das canetas, pois decidiu ir fazer um desenho:

- Olha tia Peixa, já viste? Quatro castanhos!!

- Pois é! Diz-me lá, qual desses castanhos é o castanho que tu achas que é a cor da mousse de chocolate?

Observa... e escolhe um: Este!

- Sim... Muito bem. E da mousse de caramelo?

- Hummm... este!

- Muito bem!

- Sabes tia Peixa... estas cores também podem ser todas cores de cócó!! - diz-me ela a mostrar-me as canetas todas na mão e a sorrir-me.

- Pois... de facto tens razão.

Nunca se sabe que coelho vai sair daquela cartola. Mais um bocadinho, a falar pelos cotovelos, diz-me que no outro dia teve doente, porque o céu lhe fez mal à cabeça. Está certo. Se calhar foi o tom de azul ou uma questão de nuvens, quem sabe.

Sempre ouvi dizer que quem sai aos seus, não é de Genebra. E aqui está a prova disso.

Só a mim.

frito e escorrido por Peixe Frito, 21.09.21

Qual a probabilidade de, uma pessoa andar na sua vida, às compras, de cabeça enfiada na lista e a observar os produtos, analisando exaustivamente qual o melhor a adquirir e, pára uma senhora com uma criança ao lado. "Ah okay Peixa, é MEGA improvável isso acontecer, até porque o que não faltam é pirralhos por aí, às compras com as mãezinhas". Esperem. Não se exaltem. Take it easy, babe. Ora então, como costume, eu senti pessoas ao meu lado e olhei. Olho para a mãe e vi um balão entre nós, logo olhei para baixo e vi uma criancinha agarrada a um balão. Trocamos olhares por momentos e eis que, ela me estende o bracinho para me dar o balão.

"wtf" moment. Eu a olhar para a criança e a criança a olhar para mim. Eu a pensar "Que raio" e a criança devia estar a pensar "olha, é para hoje, sim?".

Devia de estar com um ar deprimido talvez e a menina achou que eu iria ficar feliz com um balão ou então Peixa, cut the crap, e a miúda estava mesmo era farta de andar ali agarrada ao balãozinho como se tivesse em uma procissão e viu ali uma oportunidade de se desfazer dele e nem pensou duas vezes - excluo a hipótese de algo maléfico pois o balão não era vermelho, okay? Se assim fosse, acho que o tinha rebentado na hora, com a brida com que fugia 

Mas assim ficámos. Eu desconfiada de uma criança que me oferece um balão e ela lá foi, puxada pela mãe, a olhar para mim e o balãozito a acompanhá-la.

Quando digo que a minha vida dava um filme com as coisas que me acontecem, podem crer que é verdade. 

Logo de manhã, já com a pilha toda.

frito e escorrido por Peixe Frito, 15.09.21

- Zé! Ó Zééééééééééé!!!!

O Zé olha em volta e vê dentro de um carro, o filho do vizinho no banco de trás, a acenar-lhe efusivamente.

- Olha!! Vou para a escola!!!

- Boa! - responde o Zé a sorrir para o pequeno e a acenar de volta.

- Vou-me divertir!! - completa o pequeno.

 

Não digo que a escola não seja divertida, nada disso, mas quero ver se o entusiasmo se mantém, quando começar a trazer trabalhos de casa e ter de estudar para os testes! Cheira-me que alguém recebeu informação manipulada, para ir a bem para a escola. Cheiiira-me.

É aquele doce condão que só a ingenuidade confere.

frito e escorrido por Peixe Frito, 06.09.21

Na família, não temos propriamente problema em nos vestirmos e despirmos ao pé uns dos outros e então, como tal, o criancedo está habituado a isso e não há pudores. Dito isto, a rifa de momentos embaraçosos, tinha de me calhar a mim mais uma vez:

Estava eu a vestir-me para ir treinar, na companhia da Rabinho Pequeno. Ela esparramada na cama a observar-me.

- Ó tia Peixa, quando eu crescer vou ter maminhas grandes?

- Er... Grandes grandes não sei, mas vais ter as maminhas maiores, sim.

- E quando vai ser?? Quando eu for adolescente??

- Sim, mais ou menos por aí.

- Adolescente quê, doze anos??

- ... Talvez sim.

- E elas vão ser assim, como as tuas?? - e faz assim um círculo no ar com o dedo, em volta do meu peito.

- Ah isso... Não sei como vão ser!

- Mas tia Peixa...!

- Olha, vai lá brincar vai!!

Ó senhora. A curiosidade é típica e natural das crianças mas se querem que vos diga, eu fico mais embaraçada de falar de determinadas coisas do que propriamente as crianças.

Lá dizia o outro: "Adoro (...) O riso das crianças dos outros" e há dias em que compreendo o porquê.

frito e escorrido por Peixe Frito, 14.01.21

Isto de se conviver, lidar e educar crianças, têm muito que se lhe diga. Começando pela matina, que quando acordam com a telha e não contentes com o seu próprio descontentamento, decidem polvilhar a vida de todos que os circundam, com o mau génio e mau feitio. Uma simples pergunta de: "Que queres comer para o pequeno almoço", por muito que seja dita e proferida com todo o amor, paciência e carinho maior do que o da Madre Teresa de Calcutá, serve apenas de rastilho para uma explosão de tortice matinal com um "Não quero comer" virado do avesso. E é assim que se começa bem um dia.

Nem abordando a temática da vestimenta das criaturas, que há dias que à tarde, nem se devia era sair à noite, estão especialmente picuinhas com a forma como se vão apresentar ao seu social... nem que seja no infantário. Não importa. É social, é social. Fazem um pé de vento que se não é do cú é das calças, se não é das mangas, é do padrão. Em jeito de manter a paciência digna de um budista, há de facto dias ou momentos em que se dá rédea aos bichos do mato. E em que isso resulta? Meias com riscas, ténis folclóricos, saias às bolinhas, camisolas aos unicórnios e, não satisfeitos com a árvore de natal ambulante, uma bandolete com orelhas de gato a fazer pandam com as asas de borboleta. True story. Não stressem, que efectivamente este relato de um amigo de um amigo meu, não se realizou numa ida para a escola, mas ao fim-de-semana. "Ahhh Peixa, então menos mal! Foram só aos avós e voltaram para casa...!" Pois... #sóquenão. Efectivamente a vida dá muitas voltas e nesse dia, não foi excepção. As criaturas tiveram de ir às compras e sim, o espécime mais jovem foi assim pavonear-se para o centro comercial. O que vale é que vergonha não habita na alma das criaturas desta família e, como são todos dados a que as crianças também têem direito a dar asas à criatividade, tudo correu bem - mesmo com os olhares e risos de terceiros, ao verem o animal semi recente, a andar como se fosse dona do pedaço, exibindo uma panóplia de cores digna da carta de pantones e padrões, que fazem concorrência ao tapetes de patchwork.

Mas o que realmente testa a minha paciência, é o sistema de segurança integrado que as crianças têem: ralhamos, amuam, pegamos pela mão e eles fazem corpo mole, acabando por serem arrastados pelo chão. Paciente como sou, ali ficam e eu lá vou à minha vida. É uma medida eficaz de inserção de código de desbloqueio desse sistema de bloqueio infantil, pois em fracção de segundos, já se encontram à minha beira, de trombas é certo, sem falar comigo, em completo litígio. O que vale é que tanto lhes bate como some com a mesma velocidade.

É maravilhoso termos crianças na nossa vida, não é tudo complicações e chatices, mas dava um jeitaço um botão de "pausa" ou "stop", naquelas alturas em que acordaram para nos torrar o que resta da marmita. É que até os macacos-do-sótão se benzem! Deus nos valha.

Esta fica no segredo dos deuses.

frito e escorrido por Peixe Frito, 01.10.20

As pessoas ficarem a achar que determinada criatura é uma cat person, porque ao responder a um cartão que perguntava "What is your favorite animal?" a pessoa responder "cat" porque não se lembrou de mais nenhum na altura.

Acontece o cérebro ter um bug nas horas menos propícias. E depois é assim, que se criam as famas