Isto de se conviver, lidar e educar crianças, têm muito que se lhe diga. Começando pela matina, que quando acordam com a telha e não contentes com o seu próprio descontentamento, decidem polvilhar a vida de todos que os circundam, com o mau génio e mau feitio. Uma simples pergunta de: "Que queres comer para o pequeno almoço", por muito que seja dita e proferida com todo o amor, paciência e carinho maior do que o da Madre Teresa de Calcutá, serve apenas de rastilho para uma explosão de tortice matinal com um "Não quero comer" virado do avesso. E é assim que se começa bem um dia.
Nem abordando a temática da vestimenta das criaturas, que há dias que à tarde, nem se devia era sair à noite, estão especialmente picuinhas com a forma como se vão apresentar ao seu social... nem que seja no infantário. Não importa. É social, é social. Fazem um pé de vento que se não é do cú é das calças, se não é das mangas, é do padrão. Em jeito de manter a paciência digna de um budista, há de facto dias ou momentos em que se dá rédea aos bichos do mato. E em que isso resulta? Meias com riscas, ténis folclóricos, saias às bolinhas, camisolas aos unicórnios e, não satisfeitos com a árvore de natal ambulante, uma bandolete com orelhas de gato a fazer pandam com as asas de borboleta. True story. Não stressem, que efectivamente este relato de um amigo de um amigo meu, não se realizou numa ida para a escola, mas ao fim-de-semana. "Ahhh Peixa, então menos mal! Foram só aos avós e voltaram para casa...!" Pois... #sóquenão. Efectivamente a vida dá muitas voltas e nesse dia, não foi excepção. As criaturas tiveram de ir às compras e sim, o espécime mais jovem foi assim pavonear-se para o centro comercial. O que vale é que vergonha não habita na alma das criaturas desta família e, como são todos dados a que as crianças também têem direito a dar asas à criatividade, tudo correu bem - mesmo com os olhares e risos de terceiros, ao verem o animal semi recente, a andar como se fosse dona do pedaço, exibindo uma panóplia de cores digna da carta de pantones e padrões, que fazem concorrência ao tapetes de patchwork.
Mas o que realmente testa a minha paciência, é o sistema de segurança integrado que as crianças têem: ralhamos, amuam, pegamos pela mão e eles fazem corpo mole, acabando por serem arrastados pelo chão. Paciente como sou, ali ficam e eu lá vou à minha vida. É uma medida eficaz de inserção de código de desbloqueio desse sistema de bloqueio infantil, pois em fracção de segundos, já se encontram à minha beira, de trombas é certo, sem falar comigo, em completo litígio. O que vale é que tanto lhes bate como some com a mesma velocidade.
É maravilhoso termos crianças na nossa vida, não é tudo complicações e chatices, mas dava um jeitaço um botão de "pausa" ou "stop", naquelas alturas em que acordaram para nos torrar o que resta da marmita. É que até os macacos-do-sótão se benzem! Deus nos valha.