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Ó da guarda, peixe frito!

Vai com arrozinho de tomate?

Ó da guarda, peixe frito!

Vai com arrozinho de tomate?

Desafio Caixa dos Lápis de Cor | #10 Verde Claro

frito e escorrido por Peixe Frito, 25.03.21

Há uma coisa que nós dizemos muito na família, em tom de sarcasmo e brincadeira, aquando determinadas situações se dão, que é "Tinha os zólhinhos tão lindus, que máis parexiam duas poxinhas de áuga". Não me perguntem o porquê, mas associo sempre ao lado menos belo da situação: invés de uns olhos lindos e maravilhosos, brilhantes e vivos, imagino uma poça de água lamacenta, turva, daquelas que até podem ter girinos ou umas coisas manhosas por lá a nadar de costas. É assim, o imaginário de cada um, funciona efectivamente à sua maneira, não é? Se bem que têm a sua magia, uma póxinha de áuga repleta de girinos ou de alguinhas verdinhas, a ondularem. Enfeitiça. Por mim falo, claro, pois tal como me acontece com as teias de aranha, quero lá ir meter o dedo. E quero lá bem saber se lá está a aranha - dá pica extra - ou se há bichezas debaixo do lodo. É uma força que se apodera de mim. Inexplicável.

Pocinhas, girinos, lamas e cenaices aparte, a mim acontece-me sempre alguma coisa. É dito e sabido a minha atracção fatal por poças de lama, lagos de água turva cheia de bicheza duvidosa cristalina, ser um magneto para o que quer que seja líquido e esta vivência já me acompanha desde que eu tenho memória - sou Peixa. Não esperem uma memória muito longa - Eu nunca fui criança de vestir muitas saias e essas coisas. Andava muito mais de calções ou calças de ganga. A mãe Peixa, naturalmente, gostava de me empindiricar toda aquando havia jantares ou festas de aniversário. Eu, com o meu ar angelical, ficava sempre uma criatura toda mimosa e a parecer de porcelana - só por fora, que por dentro ai Jesus, não fujas não - principalmente no dia em que ela me decidiu vestir com uma porra de uma saia branquinha como a cal, cheia de preguinhas e mariquices. A sério. Parecia mesmo sei lá o quê. Se por si só o médico, aquando eu era bébé, já perguntava aos meus pais se eles saiam comigo à rua, tal o meu bronze imaculado a lixívia, imaginem eu, loira, olho claro, branca como a alforreca, vestida de branco. Medo, muito medo. Parecia um fantasma. Não sei que lhe deu na cabeça. Bem, tudo começa logo mal quando uma mãe se lembra de vestir assim uma criança mas principalmente quando diz a um filho: "Cuidado! Podes brincar mas não te sujes!!" e assim se dita o destino. Eu a brincar até me portei bem. Tentei não amarrotar a saia panisga, não me encostar assim a nada e até cuidado ao respirar tive, não fosse eu exalar e amarrotar uma preguinha. A mãe Peixa chega ao pé de mim e diz-me: "Peixinha filha, queres um geladinho?" Ora... perguntar ao cego se quer ver?! Pois está claro. E ainda tive direito a escolher gelado. Eu adoro sabores cítricos e então escolhi o calipo de limão. "Cuidado filha, não te sujes". Bem dito, bem certo. Foi a mãe Peixa sair do raio de visão periférica, eu sossegada a ratar o gelado... como sabem, o calipo derrete... fica sumo no fundo... Aqui a criatura tenrinha vai de elevar a embalagem do gelado e... miss saia manchada de calipo verde! Ah pois é!! Suspirei a pensar que ia levar nas orelhas. Reflecti que se calhar como era verde claro, talvez aquilo saísse bem da saia, que se fosse o de morango ou de coca cola, aí a mãe me estrafegava. A verdade verdadinha foi que quando me mostrei à mãe Peixa, ela refilou... mais docemente do que eu esperava. "Ai Peixinha, essas nódoas são tão difíceis de tirar, filha!" Olha, temos pena. Não tivesses dado gelado à criança. Qual foi o desfecho? Nunca mais vesti aquela saia. Seja porque era branca, seja porque era um imãn para as nódoas e raios que a partam, seja porque o raio da nódoa do calipo, embora disfarçada, nunca mais saiu daquele tecido. 

Escusado será dizer, que chorei baba e ranho, fiz birra, amuei, greve de fome e ainda não comi nunca mais gelado calipo de limão, por causa de nunca mais ter vestido a saia e dado ao episódio traumático, que ainda hoje lateja na minha alma!! #sóquenão

Há mesmo males que vêem para bem, possa!!! Deus é grande!! Ver a saia pelas costas, foi das melhores sensações que eu podia ter tido! Mas... Rei morto, rei posto, não tardou muito... Vivaaaa 

Neste desafio participo eu, a Concha, A 3ª Face, a Maria Araújo, a Fátima Bento, a Imsilva, a Luísa De Sousa, a Maria, a Ana D., a Célia, a Charneca Em Flor, a Gorduchita, a Miss Lollipop, a Ana Mestre, a Ana de Deus, a Cristina Aveiro, a bii yue, o José da Xã, o João-Afonso Machado e a Marquesa de Marvila.

Todas as quartas feiras e durante 12 semanas publicaremos um texto novo inspirado nas cores dos lápis da caixa que dá nome ao desafio. Acompanha-nos nos blogues de cada um ou através da tag "Desafio Caixa de lápis de Cor". Ou então, junta-te a nós ;)

Desafio Caixa dos Lápis de Cor | #9 Amarelo

frito e escorrido por Peixe Frito, 17.03.21

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Sobre o amarelo eu queria escrever,

algo genial da marmita espremer,

mas em nada queria transparecer,

o meu desamor, desalento por esta cor,

que me veio aborrecer.

Ah e tal toda a cor é bela,

sim, cada uma com seu encanto,

mas qual o meu tormento

que para esta nobre criatura,

o amarelo não tinha esse espanto,

nem sequer essa doçura.

Amarelo do limão,

do azeite, do prado,

tal o meu fado pronunciado,

que fico com o cérebro todo mofado,

a querer fugir por todo o lado.

A escrita lá corre,

sem ponta que se lhe pegue,

mas então é mesmo assim,

a escrita de quem não têm amor,

 até fede, ganha bolor.

E o amarelo que se estrafegue,

pelas eiras e beiras,

refegos e bardajeiras,

para longe parta,

de moscas se encher,

e que a cabeça me deixe de doer.

Amarelo o belo sol,

que me aquece e inspira,

seja pelo meu óleo quente que espirra,

seja porque já nem sei o que diga,

isto mais parece escrita de urtiga.

Um haiku era para ser,

um poema, um parecer,

mas isto de se falar de amarelo,

ih cum raio!, que novelo

fico com o cérebro em um farelo.

O que me consola,

mesmo que pareça artola,

é o pensar, o esperar, o esperançar,

esta porra está a acabar 

e a ovelhinha amarela, hei-de encontrar.

(já estava a tardar,

parvoeira, expressar)

 

Neste desafio participo eu, a Concha, A 3ª Face, a Maria Araújo, a Fátima Bento, a Imsilva, a Luísa De Sousa, a Maria, a Ana D., a Célia, a Charneca Em Flor, a Gorduchita, a Miss Lollipop, a Ana Mestre, a Ana de Deus, a Cristina Aveiro, a bii yue, o José da Xã, o João-Afonso Machado e a Marquesa de Marvila.

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Desafio Caixa dos Lápis de Cor | #8 Cor-de-rosa

frito e escorrido por Peixe Frito, 11.03.21

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Awww a Peixa vai escrever alguma coisa fofinha, desta vez  Pois, #sóquenão. Espero que tenham estômago de ferro, que ninguém esteja igualmente de dieta, que isto promete!!

Cor-de-rosa... - Sim, ainda sou daquelas que escreve assim! - A cor das flores, do romance, das gomas, dos leitõeszinhos, do pudim boca doce, do meu bronze quando eu começo a ir à praia e apanho um escaldão... Só associações boas que enriquecem o meu coração!

Ora, eu tenho algumas questões relacionadas com a cor rosa. Não sei bem explicar o porquê, mas ver algo cor-de-rosa, dá-me vontade de o morder - não tudo, okay? Há limites até para a minha pancada. Apesar de desenfreadamente me apetecer dar umas trincadelas valentes, sou bastante selectiva na situação. - Talvez seja da vibração da cor, talvez seja porque todos os dias de manhã é um novo dia, ou mesmo somente porque a humidade poderá afectar o meu cérebro desde idade muito tenra e tenho de tomar menos vezes banho. 

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Este é amarelo, mas apetece dentar na mesma: 

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E, confesso... até tenho vontade de dentar isto:

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Sei lá, pelo aspecto devem saber ou a morango ou a framboesa... Provavelmente, saberão à morte polvilhada ao que o diabo deve saber, mas fiquemos pela curiosidade, sim?

Por outro lado, isto nem por isso:

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Acho que o rosa têm um potencial inexplorado! É uma cor tão vibrante ou tão calmante, viajando do espectro da sensualidade aos arrepios-de-vergonha-alheia. Devo dizer que fiquei inspirada por esta cor, quando me deparei com determinadas coisas. Invejosa como sou, roí as barbatanas e tiveram de me agarrar pois não me consegui conter e queria tudo igual para mim.

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Chorei baba e ranho... principalmente porque achei que ia ser o show uma fatiota daquelas com aqueles ténis! Só o estilaço que eu ia ter ao sair da minha viatura forradinha a pelúcia, com aquela vestimenta! Provavelmente alguém iria pensar que um unicórnio vomitou lá dentro, mas ainda assim... Olhem queeee... Estou seriamente a ponderar!!

Nem tudo me dá vontade de trincar, de usar como farpela do dia ou me nauseia, que padeça de existir em cor-de-rosa. Só para pôr paninhos quentes na situação e para não aturar a malta a queixar que ficaram incomodados ou nauseados com a qualidade do óleo de hoje, partilho estas fotos:

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Agora algo completamente aleatório, dado que já desabafei das minhas entranhas - que também são rosadas:

Era uma vez, um casal que decidiu ter filhos. Naturalmente tinham de começar por algum lado e pronto, começaram pelo primeiro. Tudo lindo, belo e amarelo. Uma felicidade tremenda quando souberam que estavam de barriguinha recheada - penso eu... que isso deve ter-lhes passado aquando a criatura nasceu, mas adiante! - era compôr o enxoval, comprar coisinhas para o bébé que aí vinha e ia ser acolhido com todo o amor e carinho. Os papás não sabiam os sexo da criança e nem quiseram saber. Verdade seja dita, isto já se passou há uns anos onde não era assim tão fácil se fazerem ecografias e saber o que é que calhava na rifa e que género de espécime se encontrava no kinder surpresa, de modo que se apostavam muito nos métodos da forma da barriga, mau génio da mãe, contar pelas luas, para se saber se era menino ou menina. Sem falar, no sentir que as mães têem... que mãe normalmente sabe o que é que está a gerar na sua barriga - e não falo dos gases, que isso até o pai sabe e sente e partilha com todo o mundo.

A mãe sentiu ser menina, de modo que a maioria da roupa e merdices dessas, eram em cor-de-rosinha. Fofas e lindas, como as coisas para menina sabem ser.

Chegou o dia. A criança das trevas ia nascer. E... sai um gaiato! Pois é, a mãe estava com a bússola errada, a temática cromática estava assim um bocado desviada e o pai não se dedicou assim com tanto fervor para rachar - piada trolha do dia, sorry!. Resumindo: lá a criança andava de cor-de-rosa, apesar de ser um rapazote. Hoje em dia ele aceita bem a situação e ri-se, ao contar esta história - mais ou menos, né? Nenhum de nós estava lá para assistir à cena. Quer dizer, pelo menos, eu - Mas eu sei que ele leva as coisas com graçolas, porque foi graças aos anos de terapia que ele, coitado, teve de fazer, para superar a situação de que a ovelhinha amarela estava desaparecida e nem o Wally, mestre do disfarce, dava com ela.

Quantas crianças não há por aí, que andavam de cor-de-rosa sendo meninos e de azul, sendo meninas. Mais grave ainda, quando os médicos se enganam mais do que as tripas videntes das mães, e deixam os óculos em casa e vêem mal como a porra, dizendo aos pais que vão ter uma menina e depois sai um pilocas? Possa... Não têm nada a ver! Uma cenaice está para dentro e outra para fora, okay? E não estou para aqui a mandar postas de pescada relativamente a tamanhos e etc., que acho que seria uma piada demasiado óbvia, mas sim a evidenciar que rais partam, uma piloquita é uma piloquita, certo? Ou a criança têm ali algo pendurado e ninguém desconfia que seja algo indicador de ser um menino? Mas não... vão ter uma menina! Ah okay okay, "está para ali algo a navegar, ondular, ao sabor do vento, deixa fazer de conta que nada vejo, pode ser que eles não notem quando a criança nascer! Pelo sim pelo não, vou agendar férias para a altura do parto, só para não sobrar nada para mim!".

Piadas à parte, é natural acontecerem erros e alguns médicos terem de ir ao médico dos zóios, pois não vêem uma peça das caldas à frente - neste caso, literalmente.

O que importa é que a criança nasça bem e com saúde. No caso do espécime que relatei acima, nasceu de boa saúde e bem, mas ainda hoje têm o condão de torrar os miolos às pessoas. E eu acho que a culpa é do cor-de-rosa! Tenho dito.

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Desafio Caixa dos Lápis de Cor | #7 Azul Claro

frito e escorrido por Peixe Frito, 03.03.21

"O fim do mundo em cuecas".

Foi uma expressão que eu sempre ouvi dizer e, com a viragem do século e segundo alguns profetas, isso poderia ter acontecido. Completamente alheia ao factor de que muita gente poderia estar efectivamente de cuecas na passagem de ano, andava tudo a panicar com a entrada nos anos 2000. Até os computadores estavam a roer as teclas do teclado, dado que ficarem a "00" era novidade para todos - embora os meninos funcionem com "0" e "1", mas vá-se lá entender. Coisas de informática - Se querem que vos diga a verdade, eu acho que isso não aconteceu porque a grande maioria dos portugueses vestiu a bela da cueca azul, para dar sorte para o novo ano. Vão por mim.

Cuecas à parte e pegando na onda das festividades, onde paparoca é coisa que não costuma faltar, faz-me lembrar do belo do pamparuére. São frequentes as vezes, que a mãe Peixa impinge oferece com fervor e quase nos dá um enxerto de porrada se dizemos que não todo o amor e carinho, sobras das paparocas que ela faz para os almoços, jantares, aniversários, lanches, ceias, qualquer cenaice que sirva para fazer uma paparoca jeitosa para a malta se refastelar e encher o bandulho. Se não for ela, é o Pai Adamastor. Segundo ele, depois fica a comer ratatui daquilo a semana inteira - a mãe Peixa faz ratatui do que for... acho que até do ratatui em si ela fazia ratatui - de modo que raramente alguém sai daquele aquário sem uns tarecos recheados de comidinha da boa. Pais são pais, eu sei, mas os meus têem especial tendência a me quererem encher de comer. Há quem diga que eles devem achar que eu estou magra, há quem diga que eles devem achar que eu como mal, mas eu acho mesmo que eles me querem é engordar que nem uma porca para depois seguir para o matadouro, que eu nunca vi, mas nunca vi tamanho assédio no que toca a comer. Não querem engordar e depois engordam os outros, os espertos.

Ora, pelo menos uma vez por semana agora na altura mais fresca do ano, a mãe Peixa liga-me para eu ir buscar a divina sopa de feijão. E eu, bem mandada, lá passo no aquário para trazer uma malga... isto se o pai Adamastor não intervir:

Pai Adamastor, encontrava-se na sala, a dormitar no belo do sofá. Como por artes mágicas acorda e dá pela minha presença na cozinha. Grita à mãe Peixa:

- A filha que leve sopa!!

Pronto, ardeu a tenda Peixa. Mexe-te rápido antes que ele apareça. Eu a encher até estar atestadinho atestadinho até à goela o raio do pamparuére que alimentava uma família de seis pessoas durante uma semana, a tentar fechá-lo sem que ele babasse por fora, a tentar não o abanar muito, pois seria literalmente caldo entornado e sopinha daquela categoria, não se desperdiça nem uma gota. Na sua santa discrição e pés de lã, lá o dono do aquário aparece na cozinha:

- Filha! Só vais levar isso??

Eu olho para o pamparuére. Até estava com receio de respirar e aquilo transbordar. Abusaste, Peixa. Admite.

- Possa pai... Mas tu queres que eu deixe cá o pamparuére e leve a panela??

Calou-se. Dá mais uma voltinha na cozinha a cheirar, tal tubarão volta ao ataque:

- Olha que tens ali chicha. Leva a que quiseres!!

- Sim, pai...

- E pão? Não queres levar pão??

- Porra pai!! Mas tu queres é que eu enfarde que nem um animal, ou quê?? Caraças!!

A fazer de ofendido, vai embora para a sala. Antes de eu ir embora, sussurra para a mãe Peixa:

- Olha, ó mãe Peixa... a filha já guardou os bolinhos que fizeste?

- Já, pai...!!

A cereja no topo do bolo, foi lá ir almoçar semana passada, sobrar um hamburguer veggie e a mãe Peixa me perguntar se eu queria trazer para o trabalho, no meio de um papo-seco, para o lanche. É o que eu digo... devo ter ar de comer que nem uma esganada!

- Ó mãe... Um hamburguer no pão a meio da tarde?? Estás a confundir-me com o pai Adamastor!!

Lá ela se riu, se rendendo às evidências do ridículo da sugestão.

E devo dizer que sempre mas sempre que lá vou a casa, a mãe Peixa arremata com um "vê lá se a mãe não têm para aí nada que tu precises" ou com algum "a mãe têm uns limõeszinhos a mais, queres?", "uma frutinha?" ou uma coisa que eu adoro ouvir "o pai Adamastor foi à mercearia e trouxe aquelas bolachas húngaras que tanto gostas, daquele queijinho bom e chouriço alentejano". Não há quem resista, a sério. O que vale é que a gaja é ruim e embora as roupas encolham com as lavagens e com o sol quente da rua ao secar, não encolhem assim tanto.

E depois lá venho eu para casa, quase a precisar de um camião tir dada tanta paparoca que os meus santos pais me encafuam, para albergar os ditos pamparuéres de tampinha azul, tão característicos do aquário mor.

Neste desafio participo eu, a Concha, A 3ª Face, a Maria Araújo, a Fátima Bento, a Imsilva, a Luísa De Sousa, a Maria, a Ana D., a Célia, a Charneca Em Flor, a Gorduchita, a Miss Lollipop, a Ana Mestre, a Ana de Deus, a Cristina Aveiro, a bii yue, o José da Xã, o João-Afonso Machado e a Marquesa de Marvila.

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Desafio Caixa dos Lápis de Cor | #6 Laranja

frito e escorrido por Peixe Frito, 24.02.21

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Existe quem se atreve - digo "atreve" porque quem sabe o Kraken que me habita, quando mandam pedrinhas para a minha poça a perturbar a santidade da minha pessoa, têm consciência que se está a habilitar a que lhe saia algo maravilhoso no sorteio da minha roda da sorte do mau génio. Daqueles brindes manhosos e que só servem para encher choiro... mas põe-se a jeito, depois querem milagres - de me gozar por eu ser muito virada para as cenaices naturais. Fama de que a minha casa parece uma potencial selva Amazónica, dada a minha tendência a ter carradas, resmas, paletes, meia dúzia de plantas, ervas aromáticas, chás, óleos, mézinhas e raios que me partam. Há uma alma em específico, que até adooora me perguntar que tenho eu no lume, no caldeirão, para o jantar. Gente que têm a mania que têm piada e que se habilita a que lhe saia a sorte grande e que lhe fique a faltar um talher no faqueiro que é a sua dentição pepsodent aparte, há coisas que fazem mesmo parte de nós e não são modismos só porque sim. Desde alevim que estou habituada a usar plantas em várias vertentes. Assim sendo, meia volta dá-me na telha alguma ideia luminosa e começo a revirar o tico e o teco, para qual planta ou cenaice, é a mais indicada para atingir o meu objectivo.

Não sei se a maioria sabe, mas a nossa dentição têm variações de cor natural: ora podem ser muito branquinhos como bem amarelos - pá... há quem tenha sarro nos dentes, porque nunca apresentou a escova de dentes aos ditos, okay? Pigmentação natural mas advinda dos restos mortais das refeições que têm degustado ao longo da vida, quiçá voltando a saborear algum pedaço do jantar romântico em 1357, revivendo memórias ao aceder ao compartimento dental da refeição que a sua avó fazia ao domingos para a família ou mesmo para se lembrar que temperos determinado prato leva, porque a memória também falha, não é verdade? E até dá um jeitaço, pois nem sempre se têm o caderno dos apontamentos das receitas à mão ou net no tijolo. Olhem que é tentador... Bem...! Saudosismos gastronómicos e dentes à moda de saco do Sport Billy aparte, há os menos afortunados, que por muito que escovem a placa... continuam amarelos, os animais. Gostava eu que a roupa mantivesse tão bem a mesma cor lavagem após lavagem, como o amarelo de alguns dentes alheios se agarra à vida, com unhas e literalmente, dentes - Tive uma fase da vida em que achava que as minhas chicletes tinham um ligeiro pigmento a amarelo. Pá, sei lá. Deviam ser as romelas naquele dia, mas a verdade é que mesmo que eles não estivessem, não há nada como metermos macacos na cabeça, que até vimos o que não existe. Não sendo a favor de químicos e etc, falei com o meu dentista e ele lá me deu umas dicas naturais - é um fixolas - Não satisfeita, recorri às plantas. Nada melhor para tratar as manchas do que o belo do açafrão-da-terra. Conhecem?

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É só aquele rizoma que pode ser utilizado para tingir tecidos, dando uma bela cor amarelo mostarda, que se não nos pomos a pau, onde quer que ele seja utilizado, tinge, entranha, funde-se, integra-se, faz parte da circulação, faz uma fusão ao estilo Dragon Ball, usurpa a vossa identidade, casa, cão, gato, filhos, páiriquite como dizem os ingleses e soa mais fancy - não necessariamente por esta ordem - trabalho, ocupa o vosso lugar na mesa, usa a vossa identidade, manda vir pizzas com a conta em vosso nome e passa perfeitamente por um clone vosso - não vos quero assustar, mas o animal é bravo - e para tirar aquela cor, Deus nos ajude, Diabos o carreguem... nem um padre a benzer, venha o exorcista, chamem os bombeiros, a guarda civil, o pai, a mãe, o irmão mais velho, reguem mazé com gasolina e peguem fogo, que é mais prático de retirar a cor. Experimentem a utilizar no comer ou até para um sumo ou mézinha, e depois logo me dizem como elas mordem. Não usem um fato biohazard não... Uma vez fiquei com as unhas alaranjadas quase uma semana! E olhem que a título especial e porque as medidas de urgência assim o exigiam, cometi a loucura de lavar a loiça à mão e utilizando detergente, lavar as mãos com frequência, esfregando quase até ver o sangue circular a olho vivo nas veias e até, imagine-se, tomar banho todos os dias!! Deu a louca na gaja! Passei mal... Tanto banho e limpeza... Não me sentia eu! Faltava alguma coisa: cheiro, provavelmente. Agora imaginem a situação: eu queria branquear mais os dentes, então todos os dias de manhã, comia um pedaço de açafrão fresco. Nada como começar com algo produtivo pela manhã! Mastigava o animal bem mastigadinho e ia lavar os dentes. A vida dá-nos sinais... e eu devia ter percebido que o factor da minha escova de dentes estar amarelo-alaranjada já era um sinal dos tempos. Um dia estou no trabalho e uma colega a olhar fixamente para a minha boca. Okay, podia estar a pensar que tenho uma boca linda e sexy e eu não a criticava mas não era nada disso...

- Ó Peixa... mas tu tens a língua laranja??

- Erm... tenho??

- Sim, e não é pouco!! Que raio andas a comer??

- Só raiz de açafrão fresco... nada de especial - murmuro.

Efectivamente, há quem faça sorriso amarelo.... eu como tenho a mania de me armar ao cardo, andava a armar-me em sexy, com sorriso laranja. Mas os dentes estavam branquinhos...! - mas o resto... laranja. Quase tão mau como aqueles bronzes mega naturais, ao estilo solário.

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Bronze tentador, não acham? É de uma pessoa passar em um laranjal e ver as laranjas a mandarem-se das ramas para o chão, só para serem colhidas por tal criatura charmosa.

 

E antes que me comecem a mandar bocas foleiras, "Ah e tal ó Peixa daltónica, o açafrão é amarelo dourado" e blá blá blá pardais ao ninho, ele é laranja sim, enquanto fresco e a cor fica predominantemente laranja, apenas sendo diluído é que esbate e fica amarelo mostarda ou ketchup ou molho de alho com coentros e pimenta. Como apenas o uso fresco, associo mais a laranja do que a côr de mostarda de Dijon. E olhem que nós somos tu cá, tu lá! Sei do que falo. Infelizmente, por experiência cromática própria.

Este post já vai com três metros de comprido. Ainda contava aqui a minha saga com eu comer laranjas ou quando ao meu redor comem laranjas e eu sou metralhada pelo sumo ou pelo óleo da casca - seja como fôr, têm sempre de vir passar a mão no pêlo ou ir ao olho da Peixa - mas fica para outra oportunidade. Até porque já devem estar com os zóios tortos e a espumar, por este post nunca mais acabar - até rimou, que lindooooo

Ah! E era de esperar que a fotografia tivesse algo a ver com o post, né?? #sóquenão!

 

Neste desafio participo eu, a Concha, A 3ª Face, a Maria Araújo, a Fátima Bento, a Imsilva, a Luísa De Sousa, a Maria, a Ana D., a Célia, a Charneca Em Flor,  a Gorduchita, a Miss Lollipop, a Ana Mestre a Ana de Deus, a Cristina Aveiro, a bii yue, o José da Xã e o João-Afonso Machado.

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Desafio Caixa dos Lápis de Cor | #5 Azul Cobalto

frito e escorrido por Peixe Frito, 17.02.21

Se há cor que adoro, é o preto. Eh pá, é daquelas coisas! Sempre foi a minha cor predilecta: pintar as unhas, lápis nos olhos, roupas pretas - não, não era candidata a gótica, vamp, nem nada do género - até que dada altura, a mãe Peixa resolveu pôr os pés à parede. Disse-me que não me comprava mais roupa preta - blasfémia, ultraje, nem acreditava no que eu estava a ouvir. Fiz greve de fome até à próxima refeição, que devia ser daí a uns 5 minutos - para eu começar a usar outras cores. Que era demasiada a minha tendência de vestir e usar a cor preta. Achei que estive a modos de ser internada em alguma instituição para pessoas com problemas monocromáticos ou fazer parte da associação dos pretos anónimos  - é pá, isto soou mal, mas vocês entendem - sendo eu branca como a cal, loira de olho verde, parecia mais alguém que já bateu a bota e ainda não tinha recebido a notificação. Tive de me render às evidências, antes que a mãe Peixa me começasse a escolher a roupa e eu andasse a vestir vermelho e essas cores que ela tanto adora e eu, meh... nem por isso. Pronto, está bem. Vamos lá deixar mais o preto de lado. Como posso contornar a situação?? Fácil. Qual a segunda cor na listagem, do arco-íris que é a minha pessoa e a minha vida? Azul. Ah o azul! Comecei a comprar mais tudo em tons de azul. Óbvio que a mãe Peixa percebeu a jogada, basicamente substituí o preto por azul, mas com um revirar de olhos mental dela, entregou-me aos lobos cromáticos de cores neutras e frias do meu vestuário, em estilo "desengoma-te para aí, tu e mais a tua esperteza saloia". O resultado, é o que podem imaginar: parecia uma onda do mar com pernas. Azul e azul e mais azul. Felizmente passou a panca de querer pintar o cabelo de azul... E foi substituída por outras, evidentemente.

Hoje, adulta - mas não com muito mais juízo e a continuar a ter recaídas pela cor preta, fazendo a mãe Peixa suspirar, quando vai comigo às compras de roupa e me vê a pegar em vestidos pretos.. - sou uma criatura forrada de padrões e cores, a fazer pandam com a minha personalidade tímida, pacata, sossegada e com ausência de humor. Porém, o azul manteve-se constante. É assíduo na minha palete de cores.

Há uns anos, decidi ir comprar uma farpela janota, para o meu aniversário: apaixonei-me por um macacão cai-cai azul cobalto - nada a ver com o dos mecânicos, okay?? - e comprei-o. Ui se era maravilhoso! Prático, cómodo, assentava bem no bafunfo e não era de cor preta. Chega a altura da minha festa de aniversário - sabem, eu ainda sou do tempo que se faziam festas de aniversário, onde o confinamento não existia - eu vestida toda a esbanjar charme por todo o lado, com a maquilhagem a  combinar e tudo. Uau, a Peixa estava arransando no pedaço...! Primeiro comentário que ouço:

- Ó tia Peixa... Como é que tu fazes quando vais à casa-de-banho? Despes-te toda??

Caiu a ficha. Pronto... a criatura tinha razão. Para ir à casa-de-banho, tinha de me descascar toda. My bad.

Depois de fazer um olhar matador à cria mais velha da família, continuei o meu percurso. E lá vou eu, a continuar a espalhar purpurinas azuis, por todo o lado. Visita de família. Pego ao colo na minha prima mais piquena, que na altura devia ter uns 4 anitos.

- Ó prima Peixa - diz-me ela em tom agravado e a olhar para mim directamente nos olhos, mas tão directamente que eu me senti quase violada e a jogar ao jogo do olhar penetrante, pensando que eu tinha feito algo de mal e que ia receber um castigo - tens os olhos azuis.

- Não amor, a prima têm os olhos verdes.

- Azuis prima... e agora tens... e agora não tens. E agora tens! E agora não tens... agora tens... agora não tens...

Confesso que ainda demorei um bocado a perceber a situação. O tinha e não tinha, era quando eu piscava os olhos. Crianças.

Para rematar a situação, a minha avó sempre me disse que pela boca morre o peixe. Clubismos à parte, não morro de amores por um em especial que usa um tom de azul maravilhoso no equipamento. É pá, é assim. O azul é lindo - vejam bem o quanto gosto de azul para dizer uma coisa destas em plena internet. Se me conhecessem sabiam a urticária da qual padeço - mas posso dizer que efectivamente, é das cores mais lindas que existem, independentemente do seu uso ou aplicação... o raio do azul cobalto.

 

Neste desafio participo eu, a Concha, A 3ª Face, a Maria Araújo, a Fátima Bento, a Imsilva, a Luísa De Sousa, a Maria, a Ana D., a Célia, a Charneca Em Flor,  a Gorduchita, a Miss Lollipop, a Ana Mestre a Ana de Deus, a Cristina Aveiro, e a bii yue.

Todas as quartas feiras e durante 12 semanas publicaremos um texto novo inspirado nas cores dos lápis da caixa que dá nome ao desafio. Acompanha-nos nos blogues de cada uma, ou através da tag "Desafio Caixa de lápis de Cor". Ou então, junta-te a nós ;)

Desafio Caixa dos Lápis de Cor | #4 Verde Escuro

frito e escorrido por Peixe Frito, 10.02.21

Se há coisa que eu adoro comer, é salada. Ui, se gosto. Uma boa de uma salada camponesa ou somente de rúcula, é algo que me apraz muito a alma. Por isso, meia volta ou devoro uma malga apenas com salada - e mais umas tretas lá pelo meio, sou Peixa e não um ser ruminante, para só comer erva com erva, acompanhada por erva e salpicada com bocadinhos de erva, com aroma a erva -  ou como a acompanhar o prato principal. E, para mim, salada não é salada sem uma boa dose de ervas aromáticas: uns coentros e uns oréganos - a puxar a costeleta alentejana - estão sempre na ordem do dia. Faz tudo muito bem à saúde, ao intestino, à triparia andar feliz e contente, expelindo os seus detritos com eficácia, sem esforço e com êxito. Maravilhoso, não é? Claro que sim - quase parece um anúncio a aqueles yogurtes que põem a malta a c#gar fininho -  Ninguém gosta de expelir troncos maciços, ameaçando romper algo que literalmente dará vida ao dizer do meu rico pai Adamastor "olhos rasgados até ao cú" e partir a poltrona ou até, quiçá, terem de chamar o canalizador pois há algum submarino, corda de navio, que teima em não ir surfar as ondas do autoclismo. Bem, já me estou a desviar do tema! Uma das características das ervas aromáticas e da salada em si, além das que mencionei acima, é serem uma espécie de impositoras de looks, de tendências de moda vegetais e orgânicas, não muito apreciada... pelo menos por mim. Quantas vezes ando eu a passear pelo trabalho, depois de comer uma bela saladinha, estar de barriguinha alegre, feliz e contente, e tenho o raio de um pedaço de rúcula a espreitar, refugiada no molar, ou então um belo pedaço de orégano seco, bem entre o dente da frente e o canino? O pior é eu nem notar mas acima disso tudo, é eu sorrir para os colegas e NINGUÉM ME DIZER! Ó senhores... a sério? Então anda uma gaja toda airosa, de banho tomado, aprumada, perfumada, penteada - ou não... com este cabelinho de ninho de ratos... - a mandar borboletas e purpurinas, esbanjar charme piscando o olho aos demais, a crescerem flores onde ela pisa e sorri com uma erva presa no dente e ninguém diz nada?! True story. Gostava de dizer que isto só me acontece às vezes mas é mais frequente do que eu gostaria. Mas que pensam as pessoas? Que como sou mais vegetariana do que outra coisa, e defensora do consumo de produtos frescos e sazonais, que agora ando a criar os meus próprios alimentos nos dentes? Ou que tenho um piercing no dente? Que fiz daqueles apliques de diamantes na cremalheira? Pior ainda, dente podre, de um momento para o outro? Ou até, que é o meu snack, para mordiscar a meio da tarde?? É que se fossem áreas pequenas, ainda era naquela, agora costumam abranger grande área do dente. Oh por favor. Não me digam que não vêem, pois felizmente, a tonalidade da minha placa dentária, dá perfeitamente para perceber que há algum emplastro não solicitado, no meio da dentição. Mesmo que se desculpem a dizerem que são daltónicos... Dá para ver, porra! É o que eu digo, com amigos destes... Se calhar só me dizem alguma coisa, quando tiver um ramalhete a sair pelo meio dos dentes, a cair pela boca e a chegar ao queixo.

Há dias isto aconteceu-me - não o factor de ter um enfeite como se fosse uma planta a cair de um vaso pendurado, okay? Se bem que, pelo andar da carruagem, qualquer dia é efectivamente dia - Mas desta vez, fui poupada a andar a fazer publicidade aos vegetais frescos: isto da máscara, pela primeira vez, até me deu jeito. Só quando fui à casa-de-banho e ajeitei a mesma, é que vi que tinha um pedacinho do tamanho deste mundo até ao outro - pequeníssimo como dá para perceber - no meio dos dentes. Desta vez, escapei-me à bala. O universo e o seu sentido de humor peculiar, poupou-me. Quem sabe, como será da próxima. 

 

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Desafio Caixa dos Lápis de Cor | #3 Preto

frito e escorrido por Peixe Frito, 03.02.21

Uma das verdadeiras batalhas da minha vida, entre a luz e as trevas, o bem e o mal, o seco e o oleoso, o brilhante e o opaco, o chulé e a meia lavada, teve cenário na minha cozinha, em um dia corriqueiro e aparentemente normal - sabem bem o conceito de "normal" na minha vida - quando eu decidi fazer pipocas daquelas de pacote, no microondas. Devo dizer que segui religiosamente as indicações e inclusive, virei o animal de barriga para baixo a meio tempo e tudo. Bastou uma fracção de segundos e... a minha cozinha ficou permeada por um nevoeiro cerradíssimo, tão mas tão cerrado que até D. Sebastião se perdia no mesmo e acho que a luz de um farol, pareceria a luz do rabo de um cagalume. Tresandava um cheiro terrífico a queimado e juro que não era de eu estar a pensar, embora estivesse mesmo intrigada como é que o jogo virou assim, em meros segundos. Após janelas abertas, muitas lágrimas pois o raio do nevoeiro além de mal cheiroso e não deixar ninguém ver um palmo à frente do nariz, ainda nos feria a vista e nos fazia choramingar, a situação lá amainou. Como nada é de graça, o cheiro ficou entranhado até na massa dos azuleijos e durante uns dias, ainda dava para cheirar no ar, a batalha campal entre mim e as pipocas de microondas.

Resumindo: Deixem lá a situação, que eu a partir daquele dia, não fiz mais pipocas no microondas. Literalmente, as pipocas viram-se negras para cá chegarem e dificilmente o carvão para os braseiros, é mais negro do que o bronze que aquelas pipocas manifestavam. Pareciam aquelas pessoas que metem óleo johnson com coca-cola e depois se metem que nem lagartixas a fritarem ao sol, sabem? Torradinhas torradinhas. Até os ossos apanham uma corzinha.

Não satisfeita e como aprendo com os erros - supostamente - passei a fazer as ditas no fogão. Pois... as pipocas saem maravilhosas! Branquinhas, lustrosas, volumosas! Uma pessoa até se emociona de olhar para elas, de tão lindas que são! Como podemos nós, gerar algo tão angelical? E soltamos uma lagrimita por as irmos comer. Mas tanto como há luz há sombra... Aquelas que ficam no fundo e não abrem... Agarram-se que nem unhas e dentes às paredes da caçarola e aí eu é que me vejo e desejo para tirar aquele preto calcinado, quase fundido com o inox, assim ao género do alien agarrado ao hospedeiro - sorry, mas aquilo é mesmo mesmo mau - que uma pessoa bem puxa, berra, estrabucha, esfrega esfrega esfrega e aquela porra só sabe estender o dedo do meio. Até experimento cantar Maria Leal e parece é que a pipoca queimadinha ainda se agarra com mais vontade.

Depois de muito esfregar com o esfregão de arame, lá o preto sai. Mas como nada é de graça... fico eu com as unhas negras, a parecer que andei a mudar o óleo ao Peixmóbil. Supostamente, fazer umas pipocas não têm ciência nenhuma. E não têm! Só que a Lei de Murphy gosta sempre muito de estar à cóca e mandar um pouco de pimenta para a vida de pessoas inocentes, bom coração, fofas e airosas, como eu, tornando a singela tarefa de pipocar, um verdadeiro filme de terror a preto e branco e queimando-me assim, a pipoca.

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Desafio Caixa dos Lápis de Cor | #2 Castanho

frito e escorrido por Peixe Frito, 27.01.21

Apesar de eu adorar as mais variadas cores que o espectro cromático pode gerar, uma das que menos me puxa, é precisamente o castanho. Porém, o sentimento não é recíproco. O castanho sempre me adorou e quando pode, dá o ar da sua graça, tal melga que decide aparecer a zumbir aos ouvidos de uma pessoa porque apanhou um portal que a transportou até ao preciso momento em que uma pessoa decide dormir e apagar a luz - ufa, que a gaja hoje está com fôlego.

Então vamos viajar até à minha infância, nos meus tempos de alevim, em que os meus paizinhos levavam as crias a passear para um dos parques da vila. E, posso afirmar com todo o conhecimento de causa que, não havia dia em que fossemos, em que a Peixita não voltasse para casa em trajes menores: graciosa como sempre fui, tropeçava e esbardalhava-me nos lagos límpidos dos cágados e dos patos - gostava de me certificar que a temperatura era adequada para os bichos - ou então, lá arranjava maneira de cair em uma poça e fazer máscaras de lama por todo o corpo - visionária, a criança. - Ainda hoje a mãe Peixa se ri, quando se recorda de eu chegar a casa de cuecas e com o casaco enrolado à cintura... Mesmo levando ela outra muda de roupa, não fosse o castanho tecê-las.

Cresci e agora invés de cair nas poças, as poças caem em mim. Certo como o sol, posso beber um chá... tudo tranquilo. Nada acontece. Posso beber água e... mais uma vez, nada acontece. Agora Peixa, experimenta lá a pôr chocolate em pó na bebida, que nós já falamos. "Plim! O seu desejo, é uma ordem" e eis que brota automaticamente uma gota do raio do leite achocolatado quer na saia ou na camisola ou, mais exótico ainda, nos collants acabadinhos de vestir de lavado. Querias safar-te, não era? Querias.

Até no raio do comer, o castanho me assombra! Não há vez em que antes de arrefinfar o dente em uma castanha, não a analise cuidadosamente, se não há um carneirinho à socapa que fica meio desalojado ou metade dentro e metade invisível de fora da castanha - Peixa, deixa-te de cenas... meio comido, mesmo - ou como já aconteceu várias vezes, olhar para uma maçã viçosa e maravilhosa, dar uma trinca, sentir um toque manhoso no paladar, olhar para o raio da maçã e observar a sua frescura castanha por dentro, apodrecida. Fantástico, deixem que vos diga.

Para terminar o relato da influência da cor castanha na minha vida, peço encarecidamente à malta que gosta de ser "arrojada" na mistura de cores: não usem preto com castanho. A sério pessoal. Preto e castanho? É daquelas combinações de cores que deviam ser proibidas de se utilizar, dignas de receberem uma multa e de espancar quem teve primeiramente essa ideia. E outro conselho de moda: unhas castanhas... eh pá... - o número para o qual ligou, não têm voicemail activo. Por favor, tente mais tarde.

E sou só eu ou alguns tons de castanho têem associações a coisas menos.. bem... agradáveis? Deve ser das poucas cores ou a única, que para dizer a alguém qual a tonalidade de castanho a que uma pessoa se refere, têm de ofender a cor ou chamar-lhe algo depreciativo. Se eu tivesse na pele da cor, revoltava-me. Mudava logo o tom ou ia encher a Peixa de castanho, mesmo sendo uma das sobrinhas a beber leitinho com chocolate ao colo dela e não ela.

 

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Desafio Caixa dos Lápis de Cor | #1 Azul Marinho

frito e escorrido por Peixe Frito, 21.01.21

Não fiz post introdutório relativamente a este desafio que a Fátima Bento teve a ousadia de me incluir, mas passo a explicar brevemente.

O desafio consiste em todas as quartas-feiras ser postado um texto inspirado nas cores das caixas de lápis de doze unidades - "Peixa, wtf? Porquê as unidades? Estás a armar-te ao cardo!!" Eu explico. Há uma imensa panóplia de espectro cromático no que toca a caixas de lápis de cor, por isso convém dizer que são as de doze cores e não as de mil e quinhentas, okay?? E sim, momento nerd da minha parte. - E pronto, basicamente é isso! - mencionei uma explicação breve e aqui a tiveram, sem espinhas.

Sem mais demoras, aqui segue o meu primeiro post, acerca da primeira cor:

 

Capítulo I

Não é novidade para ninguém, que a minha vida dava um filme. Desde os pensamentos que assolam este expositor ambulante de cabelo que alberga o meu cérebro, às ditas situações que me acontecem diariamente. E esta, não foi excepção. Ora, quando um dia começa ameno, passarinhos a cantar e sem as meias terem adquirido as malhas de estimação, uma pessoa até estranha. Vamos até à viatura, olhando por todos os lados, desconfiados, a ver de onde a vida vai sacar o coelho da cartola da edição de hoje. Aparentemente, tudo bem. Parece-me que realmente não vai ser pela matina, que o sentido de humor retorcido do universo, me vêm morder a nádega. Não podia estar mais enganada. Viatura a trabalhar, a caminho do trabalho. Eis que, do nada, avaria no painel: o botão dos quatro piscas avaria e começam os quatro piscas a funcionar como se fossem as luzes néon de uma casa de pessoas bem comportadas e puritanas.

Soltem as feras!!! Começo eu a fazer poses de yoga dentro do carro, a dobrar papéis, inserir na ranhura do botão. Tudo controlado! Até recomeçar a andar e em três tempos o botão fofo, amoroso, lindo como o sol visto de frente, funciona na mesma! Era eu ver carros a afastarem-se para eu passar, tudo a desviar. Senti-me uma verdadeira celebridade. Nossa, que ser importante que eu sou! E explicar às pessoas que era uma avaria no botão? Esqueçam lá isso. Rendi-me às evidências e cheguei ao trabalho em pleno estilo, sem trânsito, atrasos, tudo a fluir maravilhosamente. O botão acabou por ser substituído e tudo voltar à "normalidade" costumeira.

 

Capítulo II

Ao que parece, a esposa comprou à criatura, um cuecal novo. À primeira vista, cueca janota, fancy, que mantém ali o material aconchegado e confortável. Só que ao as estrear, que vestiu de lavadinho de manhã para ir trabalhar, concluiu que a horta meia volta, ficava de fora: passou maioria do tempo laboral daquele dia, a aconchegar os legumes dentro da cerca, da cesta, dos limites do terreno. Teimosos, queriam era mesmo vir apanhar ar. Dizem que um mal nunca vêm só e neste dia, o universo foi amável. Num outro dia, a lei de Murphy atacou: distraído, voltou e vestir o mesmo cuecal sexy e, além de passar o tempo a pôr os carneiros dentro do celeiro, rasgou as calças... beeeeem no entre-pernas e até à costura da cintura! Eh pá, são daquelas coisas que acontecem... sempre nos momentos e alturas mais propícias. O homem além de ter passado a manhã a ajeitar o passarinho na gaiola, ainda apanhava frio na couve! Resultado: A corrente de ar fresco, estava ali a conservar os legumes mas diga-se de passagem, deve ser bem incómodo andar com o tomatal de fora e ainda mais ao ar.

 

Capítulo III

Noite de passagem de ano. Como normal, existem aquelas cenaices tradicionais que a malta faz: ou vestir roupa nova ou com cor azul, ter dinheiro no bolso, saltar de uma cadeira, ter a casa arrumada e limpa para o ano que entra ser igual - como se fosse preciso ser ano novo para limpar a casa, mas adiante .

A malta toda a preparar-se, com as passas, champagne e as badaladas quase a soarem!! Ahhh pois está claro, temos de acabar bem o ano, sendo eu quem sou. A bexiga começa com um chamamento desigual. Pelo andar da carruagem, a fazer dança da chuva. Queria verter as águas com tanta força que era questão de vida ou de chichi pelas pernas, se não fosse JÁ contribuir para o aumento do nível das águas. E assim foi. Na minha mente, fiz os cálculos de rocket science e achei que iria fazer um chichi e chegar a tempo de festejar a meia noite, sem ninguém dar falta da criatura pequena de 1,75 mts.

Doze badaladas.

- Onde anda a Peixa??

Silêncio.

- Peixa!!!

- Erm... Vim fazer chichi...

- Passaste o ano na casa-de-banho! Só tu!!

E é assim que se entra em estilo no novo ano.

 

Agora, que depreendem dos textos acima? Que devem fugir da cor azul marinho. É mais do que certo que essa cor faz panelinha com o capeta. Tanto o carro como as cuecas e calças, eram em azul marinho. Dizem que a cor do demo é o vermelho mas eu não podia estar mais em acordo em discordar.