E eu que pensava que o nosso amor seria eterno.
Graças à insistência de uma alminha - chatarrão diga-se de passagem - aqui fica o meu contributo simplório para o desafio da "Fábrica de Letras" para este mês. Texto da minha autoria, pois está claro. História fictícia. Se alguém se rever na história, foi mera coincidência! - E que azar do catano que tiveram!!...
"Por muito que tentasse não chorar, era uma luta que estava destinada a não ganhar. Uma lágrima quente percorria o meu rosto, deixando o rasto da amargura que residia no meu coração. A ferida aberta no meu peito latejava. Uma ferida feita por ti. As memórias assolavam-me em fortes revoadas, como ondas num mar enfurecido que tenta engolir um barco na sua tempestade. Senti-me vulnerável. Senti a falta do teu abraço que tanto conforta a minha alma, negado pela tua ausência. Percorri em pensamento, todos aqueles sítios em que as nossas almas se fundiram, onde não eram necessárias palavras, bastava um sorriso, um olhar... um beijo... para te amar exaustivamente, naquele desejo que me arde na pele, no meu ser, naquela loucura de te ter sem sentido aparente, mas com todas as razões para existir: és a essência da minha vida. Afastei as nuvens que sarapintavam o céu, somente para o sol brilhar, por ti. Revoltei mares tranquilos, enfrentei a fúria do vento que assola as dunas de areia, por ti. Arranquei a minha máscara a sangue frio, mostrei-te a minha alma nua, aninhei-me nas tuas mãos, sacrifiquei o meu coração naquele sentimento chamado amor, por ti. Sincero e singelo. Puro e verdadeiro. Um som estridente faz-se soar naquele silêncio ensurdecedor. As chaves escapam-se das minhas mãos, e embatem contra o chão frio de pedra. O meu olhar incrédulo percorre o lugar onde estavam tuas coisas. As nossas coisas. A nossa vida. O meu coração batia forte. A fraqueza percorreu-me o corpo. Não há sinal de ti. Um envelope em cima da mesa talhada. O meu nome escrito a azul, com a tua caligrafia cuidada. Vazio. Estava vazio. Partiste, e nem uma palavra me deixaste. E agora? Como vou viver sem ti a meu lado?... As lágrimas que teimam em aparecer... a não secar. O meu coração partido, que jamais irá sarar."