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Ó da guarda, peixe frito!

Vai com arrozinho de tomate?

Ó da guarda, peixe frito!

Vai com arrozinho de tomate?

E aqui fica, o meu testemunho verídico, de que ainda há seres destes a palmilharem a superfície da Terra.

frito e escorrido por Peixe Frito, 17.01.22

Há coisas que se vão perdendo com o tempo... a sua magia, toque, excentricidade e até, singularidade. Existe a adaptação aos tempos modernos, tecnologias, maneiras de ser e estar. Mentalidades e instinto de sobrevivência. Mas para mim, há coisas que continuam a manter a sua essência, tentando sobreviver com as novas paneleirices da vida, mas que no fundo, está lá, no seu âmago, no seu adn, a sua verdade que venha o que vier, tal como o Kraken a surgir do fundo dos oceanos para dar uma trinca no bafunfo do Poseídon, emerge no seu esplendor por entre as algas e destroços do Triângulo das Bermudas, sempre na sua glória. "Eu estou aqui e aqui ficarei até à eternidade", grita em plenos pulmões. Haja persitência e adaptação. Assim o fez uma espécie muito conhecida em todas as aldeias, vilas, cidades do nosso Portugal. Falo das codrelheiras. Sim, das codrelheiras. Essa espécie quase em vias de extinção que se está a adaptar às modernices, que invés de cuscarem à janela, cuscam os perfis nas redes sociais. Têm de fazer o que precisa de ser feito, senão como sobrevivem? Ah pois é. Porém, ainda existem alguns espécimes selvagens, que se adaptaram à selva de cimento e betão. Não muitas vezes avistados mas estão lá. Que o diga eu, que avistei um ainda há dias e mal queria crer no que estava a ver.

Já é bastante mau se estar à socapa a cuscar a vida dos outros, a controlar com quem se está e para que carros vão, se mantendo às escuras dentro da divisão e a uma distância razoável da janela mas senhores, os tratamentos que os vidros têem não são 100% à prova das pessoas não verem que se passa no interior da casa: embora às escuras, deu perfeitamente para ver o que a senhora estava a fazer - não, não estava de cuecas nem nada do género - estava sim com fio dental a limpar os dentes, com a bocarra escancarada, enquanto controlava o povo na rua. Sim, poderia estar a usar o vidro como espelho, é aceitável. E fico feliz por a criatura cuidar assim da sua higiene dentária, escusava era de o fazer à janela e com toda a gente a ver! Ela na maior das descontras, ali a passar o belo do fio dental na cremalheira. Tive um momento de arrepios-de-vergonha-alheia e compaixão, apesar da senhora estar ali a controlar o que eu estava a fazer. Tal tótózice que nem se apercebe que dá para ver para dentro da casa dela. Parecia uma assombração bizarra, a limpar os restos dos dentes, esfumada no negrume da divisão.

A minha vida nunca mais será a mesma. Mas já notei que este comportamento é vulgar nestes espécimes citadinos: há uma outra que têm o hábito de recuar mais para dentro da janela, para eu não a ver. Depois quando me vê pessoalmente: "Tenho-te visto, Peixa. Assim de vez em quando." E eu sorrio... Sorrio porque a vejo SEMPRE e a vejo a esfumar-se para dentro, se mesclando com a cortina, só que a senhora pensa que eu não a vejo.

Não vamos espantar os animais a dizer-lhes que sabemos os seus métodos de sobrevivência, não é? Senão coitadinhos, ficam atarantados e aí é que se extinguem.

Se bem que de certa maneira, não fazem lá muita falta nessa sua utilidade, mas a vida é assim. Até uma simples mosca têm o seu sentido de viver e faz tudo parte do equilíbrio do ecossistema, mesmo que nos ultrapasse a sua razão de existência.

Que frustração!

frito e escorrido por Peixe Frito, 11.06.18

12.jpg 

Quando se passa uma tarde com o raio de um fio de manga enfiado no meio dos dentes e não há nada que se valha para o tirar - nem sequer o truque de uma pessoa amiga, que me dizia que utilizava um cabelo como fio dental em caso de emergência. Resta esperar que os dentes caiam para o dito sair. É nestas alturas que compreendo o porquê de algumas criaturas, deixarem crescer a unha do mindinho.

Ainda se tivesse uma baliza - sou um pouco propícia a ficar com sementes, pedaços de côco ralado, de canela em pó, de oreos, orégãos grudadinhos nas gengivas e entre os dentes, ironicamente, a típica alface nem vê-la - mas nem é o caso. Os meus dentes e gengivas são autênticos imãns de restos de comer. Certos casos, mesmo após escovar os dentes, há pedaços de chicha que não querem desgrudar nem à lei da bala.

Devia de haver um sindicato dos dentes, para estas situações. Quem me indemniza por eu andar a fazer figurinhas com uma semente de papoila cravada entre os dentes da frente? Quer dizer... cada vez que uma pessoa se ri, parece que está ali uma cratera. E ainda por cima, à socapa! Que rara é a pessoa que têm a amabilidade de dizer a outra: pssst hey tens uma cenóide nos dentes!!

O mais vulgar que acontece nessas situações e sinal de alarme que algo se passa na nossa maravilhosa cremalheira, é quando nos rimos ou falamos e a pessoa com quem estamos a conversar, subtilmente e de surra, passa a língua nos dentes, com a boca fechada (sim pá, nada de técnicas de sedução à descarada), a tentar que nós não notemos. Mas sim minha gente, quem têm algo no meio dos serrotes, nota esse disfarçar e subtileza! Mais valia dizerem logo... digo eu, e poupávamos figurinhas tristes alheias!

Raios partam mais à comida que dá luta... Possas. Nem depois de trincada!

Sinceramente...

frito e escorrido por Peixe Frito, 25.03.12

   Num jantar de família, depois de se abastecer, o Piolhinho vira-se para mim, a escarafunchar os dentes:

   - Tia Peixa... tens aí daquilo?

   - Hum... Aquilo o quê?

   - Daquiloooooo.... - e vai de tentar tirar uma coisa entre os dentes.

   - Aquilo é um bocado vago. Aquilo mais exactamente o quê??

   - Oh pá... - escarafuncha escarafuncha - aquilo... para os dentes!!

   - Fosga-se... aquilo o quê???

   - Aquilo... Não sei como se chama... Não sei quê dentário...

   - Fio dental?

   - Acho que é isso!

   - Têm... - responde uma alminha iluminada - No rabo!

   - ...

 

   Pronto. E é assim que as crianças ficam traumatizadas.

Gajos, pá!

frito e escorrido por Peixe Frito, 09.03.12

  - Tenho uma coisa nos dentes. Já andei a escarafunchar com os palitos e nada!

  - Eu tenho fio dental, se quiseres.

  - Fio dental...? Hum...

  - ...