Uma criança na idade dos "porquê" era menos chata.
- Bom dia!
- Bom dia.
- A menina sabe dizer a que horas o serralheiro abre?
- Honestamente, ele costuma estar por aí logo de manhã mas não, não sei.
- E de tarde?
- Também não sei. Ele anda em obras no exterior por isso hora certa de ele aí estar, não sei.
- E não têm o número dele?
- Não, não tenho.
- Mas não sabe a que horas ele vai estar aí hoje?
- Não.
- E amanhã? Sabe a que horas vai estar?
- Não, não sei.
- Ahhh... Será que ele vêm hoje à tarde?
"Balcão de informações boa tarde, fala a Peixa. Que tal me largarem a labita e virem a outra hora diferente ver se cá está o serralheiro? Muito agradecida e adeus."
Vou inteirar a malta. O serralheiro é o vizinho mas não sei porquê, esta criatura devia de achar que eu, trabalhadora de empresa visivelmente diferente e que fui apanhada a passar a limpar as mãos, depois de ter feito um chichi, era secretária do senhor e que devia de saber todas as informações necessárias sobre o serralheiro.
Se fosse alcoviteira, ainda se safavam. Agora como não ligo peva, não levaram daqui nada.
E sim, continuaram a insistir nas mesmas questões a ver se a resposta era diferente. Deviam de me estar a testar a ver se resvalava e me descaía com a verdade e que, no fundo, sempre soube a que horas o serralheiro estava e não queria mesmo era dizer e estava a armar-me ao cardo e fazer de difícil.
Às tantas, era tudo um código e queriam passar-me uma informação e eu não topei.