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Ó da guarda, peixe frito!

Vai com arrozinho de tomate?

Ó da guarda, peixe frito!

Vai com arrozinho de tomate?

Foi curto-circuito...!

frito e escorrido por Peixe Frito, 15.03.22

- Filha, olha, hoje não venhas deixar o carro à oficina porque o eléctrico não vêm.

- O eléctrico? O electricista!

- Sim, isso. O eléctrico!

 

Há dias em que realmente, quando os macaquinhos-do-sótão lhes dá para encrencar com uma palavra ou se armarem em corrector ortográfico automático, nada feito. E pior! Dada a idade, nem pensar em formatar, que de nada vale...! 

O meu pai.

frito e escorrido por Peixe Frito, 19.03.21

Como não posso ver nada, hoje na blogosfera anda tudo a falar dos pais ah e tal e coisa blá blá blá, armada em invejosa, escrevi um pouco sobre o meu.

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Eu adorava escrever aqui coisas coerentes, lindas e maravilhosas, em como o meu pai contribuiu (e contribui) para a formação do carácter e personalidade aqui da criatura, dando exemplos mágicos e ternurentos, que me ensinou a andar de bicicleta - #sóquenão - a nadar - #sóquenãoeither - me incentivou a ler, pintar, escrever - não, não e não. Ele não passa cartão nenhum a essas coisas - jogava comigo à "sardinha" e eu levava grandes abadas, dado que ele têm umas mãos de yeti e eu umas de ... suricata, ao pé das dele, mas como já devem ter percebido, o meu pai é tudo menos o pai tradicional. Sim, está ali sempre que preciso dele, passa-me umas grandes pérolas de sabedoria que só ele as têm e, caso não o saibam, este sentido de humor é herdado precisamente dele. Cresci com um pai dotado de um sentido de humor sarcástico, a agarrar o sentido de oportunidade como ninguém e a ser inconveniente até à quinta casa. Mas sobretudo, hilariante. Saca sempre de uns coelhos da cartola quando menos se espera.

Há pessoas que dizem memórias confortantes e fofinhas dos seus pais, que quando vêem isto ou aquilo, remete às lembranças do seu paizinho, ora porque ele foi assim ou assado, comigo é mais do género:

Em pleno almoço de família, todos a comerem descansados e o pai Adamastor partilha o movimento dos seus intestinos. Inclusive frisa que ou "tenho o rabo que parece um chapéu de um pobre" ou o mesmo como "uma couve flor". Adora largar bombas atómicas sem o efeito destrutivo físico, mas animalesco no que toca ao olfacto - desejamos MESMO perder esse sentido, se queremos sobreviver e continuarmos sem mazelas para a vida - seja onde fôr... seja à porta de casa, onde se larga e foge para dentro de fininho, ficando os vizinhos a olharem para a porta do aquário tal o estrondo e claro... quem fica à porta, fica com a fama de largar foguetes mais estridentes do que os do novo ano chinês. Das melhores dele, foi estarmos os dois na sala a ver tv, os programas da natureza, de sobrevivência, aqueles passados lá pelos alaskas ou então combates de artes marciais, e ele se largar. Mas de pantufas. Mestre como só ele sabe ser, remeteu-se ao silêncio. Ao estilo que "se eu ficar quietinho, ninguém nota que eu estou aqui" e digo-lhe eu: "Fosga-se pai... a sério?" e diz-me ele: "Que foi?? Não fui eu!! Foste mas foste tu, filha!", ora pois está claro. Estava na cara que fui eu, além de ir verificar se tinha as mãos amarelas. Cá está o sentido de oportunidade. E o clássico cheiro agradável a natureza térrea e bem estrumada a pairar no ar, a mãe Peixa lhe dizer: "Ai Adamastor... pfff que mau cheiro!!" e ele responder: "Como sabes que fui eu? Reconheces-lhe o cheiro??". No comments.

Ele é mega tranquilo e na dele. Gosta de estar descontraído e que não o moam. E o que têm a fazer, faz. Como ele costuma dizer "se não gostas do cheiro, eu abro outro cabaz" embora aplicado a temáticas olfactivas, aplica esta máxima na vida em geral. Se for preciso, no meio do hipermercado têm as fraldas da camisa de fora e vai de abrir um pouco os jeans e a meter as fraldas para dentro, ao que eu já assiti e lhe disse: "Pai, assim aqui no meio do corredor??" e ri-me. Diz-me: "Quem não quiser, que não olhe... Olha o caraças!!". A mãe Peixa relata que passa imensas vergonhaças com ele, o que não me admira, conhecendo a peça.

Assim sendo e isto é tudo a ponta de um iceberg, muito tenho a dizer sobre o meu pai. Além do humor, herdei o gosto por plantas e andar de mãos na terra, a mudar vasos, podar as bichas e plantar outras tantas. E nada paga a sua companhia, aquando vamos no meio da serra e invertemos os papéis: agora, invés de ser eu a perguntar que planta é aquela e que propriedades têm, é ele que me questiona a mim.

Fico grata por ele ser quem é, me respeitar e amar tal e qual como eu sou, com este sentido de humor, panca hippie, corte de cabelo diferente, piercings e tatuagens, mas principalmente, por me ter ensinado como fazer o molho da sapateira e o belo do frango assado no forno, que são inigualáveis.

Uma salva ao meu rico pai, que embora eu às vezes não o queira admitir, somos mais chapados um do outro do que o aconselhável.

Cada um têm o seu sistema de segurança, a verificar se houve algum intruso a cheirar nas redondezas ou não.

frito e escorrido por Peixe Frito, 28.01.21

Pessoalmente, não tenho nenhum sistema de segurança implementado. Nada de artimanhas, câmeras escondidas, fios de pesca que accionam o cair do óleo quente em cima de alguém. Até o sistema de terem de dançar o breakdance, pisando os códigos de cores, padrão de símbolos, acompanhando o ritmo de uma música da Ana Malhoa, com o intuito da minha casa não vos cair em cima e soltar os crocodilos do fosso, tenho desligado. É mesmo a santa paz do senhor. Porém, há quem não seja assim.

- A filha teve cá em casa - diz o pai Adamastor para a mãe Peixa.

- Sim, teve sim. Viste pelo modo como ela tranca a porta?

- Não, não. É que falta-me uma carcaça aqui na cesta do pão.

Subtileza... Era o crime quase perfeito, mas o meu pai sabe bem a filha que criou.

O karma é lixado.

frito e escorrido por Peixe Frito, 05.07.19

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Num destes dias, o pai Adamastor passou o dia inteiro com uma camisola do avesso. Pasmada fiquei, pois como que raio ele nem deu conta, dado que tinha um bordado na frente da t-shirt e, do avesso, vê-se as linhas e as cenices brancas do bordado. Dia inteiro. Inteiro. A trabalhar e a falar com clientes e nenhuma alminha lhe disse: "Olha lá pá, mas andas com a t-shirt às avessas?" - até compreendo que ninguém tinha tido a coragem de lhe dizer alguma coisa... como ele é, ninguém se atreve.

Ora então, quando o vi nesse dia depois de ele sair do trabalho, comecei a gozar com ele. Poker face. Nem ai nem ui.

Mas... Deus vê e não se esquece.

Ontem, senti-me estranha. Diferente. Não sei... algo diferente. Até pensei que tinha sido por ter tomado banho, mas não. E que era? Não descansei enquanto não percebi aquela sensação... estranha.

Quando fui à casa-de-banho, todas as minhas questões se dissiparam!! Notei que tinha as cuecas do avesso! Yep.

Bem, ao menos fui mais discreta que o pai Adamastor, efectivamente... tardou mas não falhou. Achavas mesmo, Peixa, que não te ia tocar alguma coisa? Karma is a bitch que está sempre à espreita.

Ninguém merece.

frito e escorrido por Peixe Frito, 12.11.18

«Peixa amiga, amor da vida, tens de começar a mexer mais as escamas, que se passas o inverno assalapada, vai ser um problema para as cruzes», reflectia eu, este fim-de-semana, no aconchego do lar «Amanhã à tarde, (re)começa a rotinaaaa!!» - fazer exercício para mim, só ao fim da tarde.

Dia a seguir, picar o ponto no aquário mor e aí, é que foi a morte do artista... Pai Adamastor, vindo de uma terrinha do interior, levanta um saco e diz-me:

- Peixa filha, trouxe isto para dividirmos por todos - e começa a sacar das coisas... chouriços... queijinhos de ovelha secos... toucinho... torresmos... 

Morri - ressuscitei a seguir porque ninguém resiste a uns torresmos caseiros - Ainda bem que no dia anterior pensei em me (re)começar a mexer, senão com estas comidinhas light todas e mesmo não tenho grandes tendências a engordar como se não houvesse amanhã, ah não sei não!

Acham que disse que não, ah e tal Pai Adamastor, essas merdas coisas boas engordam, fiquem lá com a minha metade, além de que eu já sou mais vegetariana que outra coisa... está bem, está. Vim carregadinha e ainda com pão saloio cortadinho à fatia a acompanhar. 

Também mereço viver  O exercício? Hoje também é dia.

Com comités de boas vindas destes... "Jasus"!

frito e escorrido por Peixe Frito, 18.05.18

Não há nada como chegar a uma casa e ser recebido por um aroma natural, tudo menos agradável e prazeiroso ao nariz: um intenso cheiro a chulé.

- Fosga-se mãe, que tufo a chulé!

- Ah... Isso é ali o teu pai...

Dito isto, espreito pelo arco da entrada e vejo o pai Adamastor, refastelado no sofá, pézinho ao léu, descontraídissimo a ver tv. Reparando que eu estava a olhar para ele, diz-me:

- Eu?? Isso é mazé aquele queijo da ilha que está aí na cozinha, que cheira mesmo mesmo mal!! Sou agora eu - diz-me com ar indignado e meio que ofendido.

- Ah está bem pai... é o queijo. É o cheiro do queijo... mas dos pés!! - digo eu a desafiar o meu bem estar corporal, habilitando-me a ficar uma espécie extinta.

Desprezo total. Até parecia que a conversa nem era com ele.

 

Uma coisa vos digo, eu sei que é normal os tufos corporais agravarem com o calor mas este em específico, quase podia ter sido catalogado como arma química, tal era o nível de nefasto e toxicidade. Sou abençoada por ter sobrevivido e admiro a capacidade de sobrevivência da mãe Peixa. Se calhar, ao fim destes anos todos, já está é calejada e quase lhe cheira a rosas - quem me dera. Muito ainda tenho eu que percorrer e papinha comer até lá chegar. Nos entretantos, fico com vontade extrema de arrancar o nariz ou que me dê uma constipação grave, de modo às narinas entupirem e não conseguir sentir nenhum tipo de aroma.

O quanto não valem este episódios familiares, tenho dito. Ouro. São ourooooooo.