Verão: época de praia. Adoro. Estas férias, fui para uma praia que há anos não ia e para meu deleite, não tinha excesso populacional. Porém, o português e o síndrome de sardinha em lata, que mesmo tendo o areal praticamente vazio, gosta é de estar aconchegadinho quase se fundindo com os outros, quilhou-me: além de ter toalhas quase em cima da minha de tal maneira que mal percebia onde começava a minha e acabava a do vizinho, tive pessoas ao lado que até viam se tinha a depilação em dia ou não e ainda chapéus tão perto que confundia com o meu. E, cereja no topo e algo alheio aos pega monstros toalhenses que estavam perigosamente a entrar no perímetro da minha zona de conforto, ainda gramava com ventinho e areia nas fuças - o que está mal. Se era para as pessoas estarem chegadas a mim tal traças atraídas pela luz negra, ao menos que servissem de barreira para estas coisas. Mas não... eu continuava a apanhar com vento e areia nas pestanas além de quase contacto corporal forçado, com corpos alheios - Sem mencionar a água gelada e a quantidade de algas à beira mar, que quando uma pessoa ia à água para fazer um chichi refrescar, se enrolavam em nós, tais criaturas moribundas - ainda deu para pegar em tufos de algas e por nos sovacos, no nariz, típico de gente labrega que não se sabe comportar na rua, a fazer de conta que as pilosidades corporais e macacos do nariz estavam excessivamente grandes e com rastas. Apesar de todas estas cenices, levantava cedo de bom grado, fresca e fofa, para ir por as miudezas a apanhar sol e, quiçá, ficar menos branca que as alforrecas. Era vestir um trapo qualquer, enfiar as hawaianas e lá ia ela. Sem grandes tretas.
Acabam as férias e regresso à rotina. De manhã, outrora calor que suava as pedras da calçada, já se sente o fresco do Outono a chegar. Levantar? Cada dia pior. É o edredon fino que já começa a subir pela cama à procura de aconchego, durante a noite. O lençol, de manhã, que me faz sentir um burrito de tão enroladinha que estou. A almofada, que fica todos os dias a chorar por mim, assim que saio da cama. Sair à rua, ver a humidade nos carros, sentir o fresco nas pestanas e ainda levar com ventax. Não me apetece de todo sair de casa. Amanhece cada vez mais tarde e ao fim do dia, a noite está cada vez mais cedo. Mas o maior problema disto tudo, é a vestimenta. Não está fácil. Se visto manga comprida, tenho calor. Se visto alças, passo frio. Se calço sapato, asso o presunto. Se calço chinela, fico com dois cubos de gelo. Arre porra!
Mas será que não há altura do ano em que uma pessoa tenha paz? No verão, é a malta armada em lapa na praia, a pedir colo. Só falta irem à nossa geladeira tal a proximidade. No começo do Outono, é o fresco, a humidade que encaracola o cabelo, é a roupa que é “nim” para se vestir e começam as camadas de roupa desnecessárias. Sem falar que mesmo que faça sol, é impensável usar roupa mais fresca.
Se não é do cú, é das calças. E tranquilidade, não? “Meh” p’ra isto tudo. Eu tenho o sonho de que um dia vou poder ser livre de vestir o que me apetecer adequado à estação, sem ter de ligar aos apetites de S. Pedro e o seu faz sol quente no inverno e faz chuva no verão.
Não perdi a esperança!!