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Ó da guarda, peixe frito!

Vai com arrozinho de tomate?

Ó da guarda, peixe frito!

Vai com arrozinho de tomate?

Ao menos era fresca.

frito e escorrido por Peixe Frito, 22.12.23

Ora, há acontecimentos na vida, sejam eles grandes ou pequenos, em que é a nossa maneira de (re)agir perante essas surpresas da vida, que demonstramos a nossa maturidade, personalidade e aptidão para resolução de conflitos (se assim necessário). No fundo, o aceitar ou adaptar ou o desenrascar, deixa andar ou carregar no botão do "fd-se para isto tudo" e cavalgar em direcção ao pôr-do-sol. Cada situação têm a sua abordagem.

Posto isto, introdução filosófica espicaçada pelo frio no tico e no teco, imaginem como é a meio da tarde, a alma pedir um café, para ajudar a esmoer o almoço. Não sou propriamente pessoa de café, mas às vezes a paparoca pede um café para rematar e ajudar a digestão. Como não apreciadora de café, fui bebericando. Um golinho aqui. Outro golinho ali. Outro acolá. Dada altura, senti uma textura, uma espécie de granulado e pensei que seria um borrão do café. Pára tudo. Borrão de café em café tirado de máquina de cápsulas?? Exacto. Após expelir o tal grão ou cena ou coise, a medo de me deparar com uma pata de um alien, eis que afinal, era nada mais nada menos do que... uma mosquinha. Sim, uma mosquinha. Daquelas irritantes e pequenas. Daquelas que nem calibre têem para serem chamadas de moscas, são apenas mo. Era esse pedacinho de alma que andava a nadar no meu café e com a sua boa sorte, acabou por ser levada tal o outro que entrou na boca da baleia. Compreendo que está frio e que lhe estivesse a saber bem aquecer as patas no meu café, mas quer-se dizer... Oportuno, não?

Que fiz eu? O que qualquer pessoa de perfeito juízo faria: olhei para o café e examinei se havia mais alguma. Após minuciosa inspecção, a equipe concluiu que não existiam mais restos mortais visíveis (não falemos de microbiologia, que isso devia de haver às pazadas), acendendo assim a "luz verde", arrumando as tralhas e indo embora. (*assobio*) "'Bora pessoal vamos pregar para outra freguesia!" (*momento breve de reflexão*) Bem, meus chuchus, a verdade é que não foi assim muito tempo a pensar, é mais atar e botar ao fumeiro, siga que atrás vêm gente. Perdido por cem, perdido por mil. E vai de emborcar o resto do café. 

Uma coisa é certa, além da frescura, adquiri proteínas sem grande esforço, fora ter reforçado o sistema imunitário. Bem visto e analisado, "win win".

- Fosga-se, já nem beber um café sossegada se pode. Rais parta mais à vida selvagem e à sua mania de irem cheirar onde não devem! -

Parece anedota mas é verdade.

frito e escorrido por Peixe Frito, 13.06.23

Conversa entre cliente e padeiro, na padaria:

- Bom dia, quero pão.

- Bom dia. Qual pão? Pão de fatia ou bolinhas?

- Pão. Quero pão.

- Okay... de fatia ou bolinhas?

- Ó senhor! Quero pão! Para mim tudo é pão!

- Pois minha senhora... Para mim não. Ou quer à fatia ou quer bolinhas.

- Deixe lá, já não quero nada.

E a criatura vai embora a refilar e a apelidar os restantes mortais, mais concretamente o padeiro, de ignorante. Agora deixo eu esta no ar: Pão de sementes ou bolinhas de pão tigre? Pão de centeio ou bolinha de leite? Pão saloio ou bolinha com chouriço? Por mais incrível que pareça, ainda há coisas que me impressionam. Das duas três, ou é falta de cultura ou é má vontade. Sem dúvida, má vontade. Mas sem dúvida. 

Quem me dera ser assim tão simples, no que toca a pão. Olha... pão!

"A arte e o engenho faz o mestre", sempre ouvi dizer. Neste caso, faz a croma.

frito e escorrido por Peixe Frito, 30.05.23

A necessidade, acima de tudo, faz a criatividade e a arte do desenrascar, fervilhar no sangue de qualquer criatura que se preze, principalmente naquelas que levaram o ferro de engomar para a casa de terceiros, vieram embora airosas da vida se esquecendo lá dele e só se lembrando dessa alminha, quando queriam engomar o vestido com o qual decidiram esbanjar terror charme por todo o lado onde passam e o menino não estava no sítio dele: só o lugar.

Criatividade ao rubro e adaptação a dar gás, principalmente porque já se estava a ficar atrasada para o que quer que se ia fazer a seguir, mudar de farpela não era solução embora fosse a mais prática e, definitivamente, pouparia tempo, mas deixem lá a gaja ser teimosa e levar a dela avante. O que existe em casa que possa substituir o ferro? Nada, pois está claro. Na rua, talvez um cilindro de alisar alcatrão fosse opção viável, porém, hoje estava de folga e só havia mesmo era nada. Ora, já com a urticária a dar de si no horizonte, deu-se um momento "eureka"! E que tal, o ferro de alisar o cabelo? Ah pois! Se alisa o cabelo, alisa a roupa! #sóquenão Sim, experimentei e as porras dos vincos estavam agarrados ao vestido de unhas e dentes, como se a sua "vida" dependesse dele - e de facto, dependia... sem vestido não há vincos e sem vincos há vestido engomado... O que queria dizer eu com isto mesmo? Adiante, mazé! - Ainda ponderei ir para a rua com o vestido amarrotado e fazer de despercebida que estava mais amarrotada que as palhas de um espantalho de palha no meio de um ciclone, mas na luz da rua - vulgarmente conhecida como "sol" - parecia mesmo que tinha sido trucidada, dobrada, enrodilhada e torcida sem dó nem piedade.

Fiz tudo o que estava ao meu alcance, fui criativa, inventiva, génio incompreendido, mas tive de me render às evidências e dar a mão à palmatória: tive mesmo de mudar de vestido. Contrariada, mas mudei.

Que a minha experiência vos sirva de exemplo para a vida, de nunca se esquecerem do ferro em casas alheias e que o ferro de alisar a trunfa, não vos vai servir de nada. Pelo sim pelo não, tenham sempre um ferro de reserva... ou dois. Não vá o de reserva precisar de um de reserva!

Nunca me senti tão sexy e escaldei tanto os pés na areia.

frito e escorrido por Peixe Frito, 15.06.22

Após bastante publicidade - falado uma ou duas vezes no máximo e só com uma alminha - acerca de umas cenaices que ajudam a retirar as peles mortas dos pés, decidi experimentar. Nestes dias de feriados em pack, era a melhor altura para ter uns pés lindos e maravilhosos, frescos e fofos, dignos de uma sereia - sim, sereia. Que a Cinderella deve ter cada calosidade, que é obra. A julgar pelo que ela trabalha e pelas socas que usa, ou têm uma excelente pedra pomes e bons cremes hidratantes ou então esqueçam lá isso. "Fada madrinha, quero ir ao baile!" "Não, Cinderella. Tu queres mesmo é que eu tê dê um dia no spa, para tratares dos presuntos, qual baile, qual quê. Estas miúdas só pensam é em bailaricos e andarem a mexer o bum bum" -  Lá experimentei a cenaice, questionando-me sempre como raio aquilo iria funcionar, dado que aqui a criatura não é dotada de cascos pés que quando vão à pedicure mais parecem lascas de queijos, as peles a serem retiradas, mas sim algo semelhante ao fim de uma embalagem de queijo ralado: migalhitas e nada, quase nada que se veja e se preze de ser chamado de pele morta. Ora, cumprindo todos os requisitos das instrucções, zero de peles a começarem a sair. Disclaimer: Durante 15 dias (sim 15 dias) as peles iriam começar a sair. "Meh" pensei e disse eu, na minha santa inocência. "Isto não vai dar em nada". Mal sabia eu, o que me esperava ao virar da esquina! Chega a altura de pôr as peles a apanharem ar e nada de cascas de queijo à vista. No dia em que me aperalto toda para ir à praia, olho para os pés: ia-me benzendo! Parecia uma autêntica cobra a mudar a pele! "Eita, diacho", pois é, pois é. Tinha logo de ser quando ia estar em público que isto me iria acontecer. Basicamente, passei uns 4 dias a tirar as peles dos pés - mesmo a tempo do fim-de-semana comprido acabar - que parecia que tinham sido escaldados que nem as patas das galinhas antes de se confeccionar ou que tinham estado de molho e a água evaporado, ficando o calcário a marcar a zona do nível da água inicial.

Vos digo e garanto que parecia mesmo que tinha farrapinhos laterais nos pés, uns flippers ali, mil patinhas de centopeia, mas de pele. Ainda se entrasse na água e desse para boiar, mas nem isso! Situação digna de ser mencionada, com medalha de mérito de participação no meio desta coisada toda, foi o facto de a areia ser grossa, com pedaços de seixos e a escaldar nas horas do caraças. Ou seja, a altura melhor e mais do que perfeita, da pele dos pés mudar e estar fina e nova, sem espessura no calcanhar para criar barreira à prova de assanços das barbatanas! Nem 1 milímetro que se preze de forra de casca de queijo da serra havia. Quase parecia aquele anúncio dos anos 90 a um refrigerante em que até o cão se queixava da areia quente, mas na vertente que pé na areia, só na imaginação e mesmo assim, queimava.

Conclusão: Não me apanham em outra. "Ah e tal que és jovem", mas não. Felizmente não ia em fim-de-semana romântico ou com a intenção de ir à caça de gambuzinos, porque assim, ui ui, caiam todos aos pés mas era de choque com tal paisagem de natureza morta viva. Pena não haver daqueles peixinhos que comem as peles mortas, aonde estive. Era um festim que virava tudo peixes baleia!

No meio desta salganhada toda, já vão 14 anos! (com update!)

frito e escorrido por Peixe Frito, 27.05.22

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Ah pois é. 14 anos e parece (quase) mesmo que foi ontem (ou onteontem, como dizem certas pessoas) que decidi espalhar o terror pelo charco blogosférico -  Parecendo que não, é mais velho que grande parcela da população  E pior ainda, na fase maravilhosa da adolescência!

Nem alguma vez me escorreu no tico ou no teco, que este espaço durasse tanto tempo. A verdade é que mesmo com muita ou pouca frequência de postagem, considero parte de mim. E sinto falta de visitar os cantinhos que sigo ou de responder a comentários. Porque assim o é há algum tempo e acaba por fazer parte da rotina igualmente. 

A título de piada, desafio os leitores a comentarem neste post o que mais vos apraz aqui na fritadeira e de facto, o que é que vos move que cá venham ler e interagir - nada que fazer, falta de amor pela vida, porque clicaram no link por engano, também são respostas plausíveis.

Agradeço a todos as vossas visitas, comentários, o terem coragem de seguir aqui a fritadeira e de facto se habilitarem a queimar as pestanas a ler, bem como a amizade, carinho e boa disposição, com que normalmente aceitam o meu humor sarcástico, que tantas vezes é interpretado de outros modos. Agradeço igualmente todos os destaques que tenho tido e todos os feedback's que recebo.

A todos, os meus agradecimentos. Que venham mais anos em conjunto e vagar para escrever e relatar as coisas da vida!! 

Agora, vamos ao bolo!! 

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Quem quer uma fatia?? Façam fila!!

Obs.: Imagens palmadas da net. Com muita pena minha, pois este bolo é o sonho de qualquer confeiteiro!

 

UPDATE: E em dia de festa, um miminho da equipa do sapo blogs, ao destacar aqui a festarola! Agradecida  

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São estes pequenos grandes gestos, que fazem pessoas como eu (não me intitulo propriamente blogger, "crommer" talvez) continuar a escrever por aqui. Não necessariamente pelo se ser destacado (naquela do "ai o meu ego a inchar que nem um pirúm") mas o factor de que a equipa têm o pessoal debaixo de olho, nos presta apoio e efectivamente, dá 5 minutos de holofote a muitos que o merecem (mais uma vez, não estou para aqui a armar ao cágado, muitos bons blogs conheci-os precisamente devido aos destaques). Posto isto... Ainda há bolo!!! 

Mas que verdadeiras mãos de fada, ó senhora!

frito e escorrido por Peixe Frito, 21.04.22

Tenho a pancada de fazer coisas caseiras - ainda ninguém tinha notado, o post das bananas passou ao lado - Sou adepta das coisitas feitas e confeccionadas em casa, daquelas que é melhor o grão cozido por nós e não o de produção industrial, assim como molhos, doces e compotas, sei lá eu que mais... aliás sei, eu é que não estou para estar aqui a enumerar tudo, tenho mais que fazer - qualquer dia, até as minhas roupas faço, com tecido produzido a partir de fibras de folhas de plantas, vou verdadeiramente parecer a Jane. Ao menos, com as lavagens, a traparia vai hidratando e até poderei ser presenteada com o florir de um dente-de-leão, algures na roupa. Ou daquelas coisas que se fumam, se fôr tecido de cânhamo. Aparte: se imaginassem a quantidade de piadas bardajolas que me passaram pela cabeça, desde o uso da palavra "desabrochar" ao me lembrar da música e anedota do canguru que tinha a flor na bochecha ou quantos pêlos têm ele no nariz...? Adiante!! - ontem decidi fazer pizza para o jantar. Mas não uma pizza qualquer! - no fundo no fundo, era com o que havia no frigorífico - Pizza caseira! Amassar a massa e todas essas coisinhas maravilhosas que nos fazem exercitar sem termos de ir ao ginásio e que consegue encher a cozinha de farinha até no sítio mais recôndito da bancada, por muito cuidado que se tenha. Para mim, a farinha é bicho selvagem: temos de ter cuidado, não respirar muito nem fazer barulho, e especial cuidado com o contacto visual, que ela esparrama-se logo, principalmente para onde não queremos que ela se expanda. Há que manusear com cuidado e suster a respiração, ter óculos de sol de lentes espelhadas, para a bicha não se espantar. Tudo muito controlado. Ora, lá fiz a massa e o respectivo recheio com molho de tomate - de compra - cogumelos laminados - frescos mas de compra - queijo ralado - de compra - espinafres - bebé, lavado, pronto a usar... de compra - e orégano  - de...? Compraaaaaaa!! Ainda bem que sou adepta de coisas caseiras - e meti a bicha a assar no forno. Só tenho uma coisa a dizer: Depois de assada, que linda ela estava! Eu até me dei ao trabalho de fazer desenhinhos com os ingredientes e tudo. Sim, estava um primor e eu esmerei-me. Decididamente, dei tudo na decoração desta pizza. Incluindo os olhos para a farinha  polvilhar. Quando a provo, o tempo desacelerou, tudo ficou em câmara lenta, ouvi harpas dos anjos, cânticos celestiais, juro que saiu um arco-íris dos meus olhos e era só raios de sol em minha volta. As minhas papilas gustativas abraçavam-se, choravam de alegria, nem queriam acreditar naquilo que estavam a viver e presenciar. Como era possível uma paparoca daquele calibre? Como? Só podia estar guardada pelos anjos, numa ilha remota, dentro de um baú vazio, enterrado na areia! A minha vontade foi de largar tudo e abrir uma roulotte de pizzas - a aquela hora não dava lá muito jeito e estava frio, eu de pijama e assim, agora vestir novamente? meh!! - e também me bateu de rompante em pegar na pizza e sair para a rua, dando pedacinhos a todas as pessoas com quem me cruzasse, para lhes dar um pouco de felicidade e cor aos seus dias cinzentos, mudando a sua existência para todo o sempre. É que foi uma pizza mudadora de vidas, acreditem. Eu hoje não sou a mesma! Nem dá para explicar! No meio disto tudo, como viram, os ingredientes são simples, singelos, corriqueiros, nada de extraordinários, fazendo assim tudo ainda mais um ficheiro digno dos ficheiros secretos a ser investigado por Fox Mulder e Dana Scully. Mas eu sei qual o ingrediente secreto, sabem qual é? Nada têm a ver com a decoração linda e maravilhosa que fiz, até soltei uma lágrima ao fatiar a pizza, nem a ver com eu não ter lavado as mãos desde que saí de manhã de casa até depois da confecção da pizza, nem com o facto de ter ido pôr o lixo fora e ter mexido em todas as maçanetas que passei até lá, incluindo a tampa do caixote, nem com o aspecto de ter terra debaixo das unhas por ter estado a jardinar, ano passado! É de mim. Pá, é de mim. O ingrediente secreto, sou eu. O amor que debitei ao amassar a massa. Agora sim, compreendo perfeitamente o pai do Po, do Panda do Kung Fu. O amor faz milagres. Torna tudo maravilhoso. Menos o tentar aspirar e limpar a farinha das bancadas e dos tapetes, bem como tornar uma máscara de banana funcional, sem emaranhar a piruca às pessoas. Mas torna sim. Ou é isso, ou levei com demasiada farinha na fronha. O que não pode ser posto de fora. Embora eu ache que se estar com fome, possa contribuir com o aumento da maravilhosidade de uma refeição. Digo eu, só de surra. Não tirando o mérito às minhas mãos de fada e ao meu ser, que pelos vistos, encantou a massa da pizza.

Acho que tenho de ponderar em mudar de área e me dedicar às pizzas. Á fome, não desfaleço. Ao menos isso. Agora de resto... quem sabe??

Às tantas achou foi que eu me estava a fazer ao piso!...

frito e escorrido por Peixe Frito, 25.03.22

...e que sempre tinha valido a pena tomar o seu banhinho mensal, pentear e pôr perfume.

Inevitavelmente, a minha vida é recheada de eventos e momentos de arrepios-de-vergonha-alheia, quer meus quer dos outros - mais dos outros, tenho o condão de presenciar cada coisa, que ó Senhor (*benzer sinal da cruz*) que me superam aos pontos, vírgulas e parágrafos - mas parece que as manhãs e fins do dia, são especialmente ricos nessas situações, quer seja porque as pessoas ainda estão ao rolentim, não acordaram para a vida e andam meio zombies, a sonharem com a almofada babada que tiveram de deixar em casa, sozinha, entregue aos bichos, pela manhã ou pela tarde, que já têem o cérebro frito, queimado, esturricado, armado em pipocas de microondas, com o modo zombie de cérebro dormente activado - este é diferente do da manhã. O da manhã ainda conserva réstias de inteligência, mas o motor ainda está a arrancar. O da tarde, já deu tudo o que tinha a dar, os olhos da cara, o couro e cabelo, o rabo e mais uns tostões e está mesmo com o botão "survival" e "sa f*da" premido e o piloto automático a tomar conta da situação há muito, estando o crânio vazio e o tico e o teco na esplanada a bebericarem uma imperial e a ratarem uns tremoços e minuins, observando os banhistas a levarem com as ondas no alto da pinha e beberem pirulitos - que tudo agrava, com o lume no cú de irem para casa o mais rápido possível. Eu que o diga, o que vivo na selva que é o trânsito ao fim do dia, com a quantidade de artistas do cinema mudo e as merdices que fazem, só porque estão aflitinhos para se teletransportarem para casa e se assolaparem no sofá, esquecendo que toda a gente têm vida e vontades e não só as amélias destes meninos. Mas adiante, fica tema para outro post.

Ora, há uns dias, logo pela matina, vivi um momento de arrepios-de-vergonha-alheia em primeira mão.

Imaginem estarem duas pessoas na rua, com distâncias de três passos uma da outra, de frente para a estrada e eu apenas conhecia uma. Adivinhem qual? A que estava mais atrás - só podia - Sabem que aconteceu, não é? Vai a Peixa e acena à tal criatura traseira, gritando um "Bom dia!!" pela janela do peixmóbil e eis que acenam ambas as duas criaturas ao mesmo tempo para mim, ambas as duas me desejam os bons dias e o da frente estava assim especialmente com um ar sorridente e estranho à Zé Tonhó das Couves, mega feliz da vida. E eu para mim "Mas quem é aquele artista?". Os arrepios-de-vergonha-alheia funcionam em ambos os sentidos: eu, porque sei lá que ficou o homem a pensar, por uma perfeita estranha lhe acenar daquela maneira e de maneira efusiva. Talvez que não aperto o casaco todo e coitada, não se diz que não aos malucos, deixa lá acenar à moça que ela assim fica feliz e a mim não me cai uma mão, ou dente, ou pé ou cabelo! Além de que pensei que é sempre mau retribuir acenos quando não são para nós. Senti compaixão, ao ir ao baú e recordar todos os meus momentos de arrepios-de-vergonha-alheia, que me passou rápido e pensei "tótó, a usurpar cumprimentos alheios com a maior das caras podres". Acontece a todos, mesmo. Venha lá o maior da aldeia, a ver se não lhe toca a ele também as figuras tristes. E o outro sentido em que funciona, basicamente é unilateral e rotativo, entrou em um sentido de rotunda, entra em contra-mão na mesma estrada que acabou de percorrer, na semelhança da carta de virar de sentidos do Uno, entendem? "Travões ó pessoal, agarrem-se que vamos fazer uma manobra perigosa de mudar de sentido". - isto de funcionar em ambos os sentidos neste caso, é similar como em alguns relacionamentos: só têm um sentido e não bufas. "Ah mas quero lá eu impor a minha opinião, eu respeito a tua maneira de pensar, liberdade...! Maaaas....."

Pois é, pois é. Não sei quem é, de onde vêm, para onde vai, o que come, bebe, enfim... só sei que respira, porque é uma pessoa - acho eu, pode ser um alien ou um robot, sabe-se lá, nos dias que correm nada é o que parece - e tal espécime nunca mais foi visto por estas paragens. Talvez tenha percebido que o cumprimento não era para ele e se esfumou, cavou um buraquito até à China e viveu feliz para sempre em uma gruta, com vista para o interior da terra (que luxo!).

É por estas e por outras, que raramente aceno a alguém: com o filme que a minha vida dava, era certinho como o sol em como não seria para mim, o aceno. Por isso, mais vale estar quieta do que fazer figurinhas - já bastam as normais.

Hoje é o meu dia! Se preparem...!!

frito e escorrido por Peixe Frito, 22.03.22

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Apanhando boleia do meu conterrâneo Sponge Bob, é mesmo mágico. Um mágico dia se avizinha pela frente.

Posso adiantar que acordei de madrugada e não dormi mais. Ouvi o despertador e atrasei-me mesmo não tendo adormecido -  verdadeiro piscar de olhos e a vida passa em segundos. Ao me empiriquitar, tive a infelicidade de perder um piercing, que ao que me parece, deve ter apanhado um portal dimensional pois não o encontrei em lado nenhum. Até no meio dos cabelos o procurei. Às tantas, armado em depravado, vai passar o dia comigo enfiado na camisola interior e quando me despir à noite, vai fazer um momento "Tchanaaaaaaammmm babeeee!! Estive contigo o tempo todo!!!". Continuando a vida, que isto há mais que fazer, fiz desvio para roubar a bela sopa de feijão do aquário mor. Com todo o cuidado, escolhi um pamparuére que isolasse bem, pois ninguém quer perder uma gota que seja daquele precioso caldinho. Saco por fora, não fosse o diabo tecê-las, ainda tive tempo de roubar uma sandocha e um iogurte. E cá vai ela, bela e amarela, esplendorosa! Chegando ao trabalho, se sentindo infeliz e miserável fechado em um pamparuére, o caldinho deu de fuga e encheu o saquito da marmita, de molho - alguém precisa explicar ao caldo o caldo que armou, porque lá por ele ser delicioso, não faz com que tudo o que toque, se torne irresistível e comestível. Se bem queeeee aquele papel de chocolate ficou assim de repente com ar apetitoso... Foca-te Peixa, Foca-te!!  (*par de estalos mentais*) - e tudo o que estava nos arredores e periferia, a circundar em volta o pamparuére, ficou baptizado. Ora, carga dos trabalhos, andar a limpar tudo. Sim, porque pegar em uma banana ou laranja e as mesmas cheirarem a sopa de feijão, confunde bastante o tico e o teco. "Ahhh agora já te safaste, ó Peixa! Ainda há um par de horas começou o dia e já tiveste animação para o resto do dia!" Pois, mas não. Isto a arte de surripiar o frigorífico dos outros, têm muito que se lhe diga e aviso desde já, que o crime não compensa. O meu sentido peixe-aranha ainda soou o alarme mas eu na aceleração do andamento matinal, ignorei e disse "Meh, há-de estar tudo bem". Fia-te na Virgem e não corras, sempre ouvi dizer. E em quê fui alertada? Validade. Olha a validade do yágurte!! #sóquenão. Basicamente, sentei o pandeiro para ratar a bela sandes - fruta roubada têm sempre outro sabor, já dizia o outro - e não é que o yogurte estava fora de prazo, mas assim já à légua? Bem que as teias de aranha no frigorífico não me soaram assim a algo normal, mas pronto, é assim, os animais habitam onde querem ou não é?

Tanto a sandes como o yogurte marcharam, por isso já sabem, se não souberem mais de mim, é porque fui buscar mais uma sandes e outro yogurte.

Hoje é o meu dia! Sinto-o assim nas peles, nos ossos, nas romelas e principalmente, nas olheiras da noite mal dormida e no cabelo esticado que já apresenta a sua batalha campal pela sobrevivência, com a ómidade.

Algo de muito bom vai cruzar os meus caminhos hoje, porque ninguém merece tanta moideira logo de manhã - na verdade, nem foi das piores - Se isso não acontecer, vou escrever uma reclamação à direcção da vida, que assim não pode ser. Mas é só cascar e dar estiva no lombo da malta? Ahhhhh já agora, era logo a primeira bola a sair do saco!

Posto isto, um feliz dia para todos. Viva a Primavera, que se esqueceu de ler o boletim informativo e o correio, e ainda não deu a cara nem tão cedo parece que vai dar o ar da sua graça.

E é a gente desta a quem eu chamo "amigos".

frito e escorrido por Peixe Frito, 04.02.22

Não é de todo de espantar aos meus amigos mais próximos que, vindo da minha criatura, mais metro menos metro, mais dia menos dia, coisa menos coisa, eu faça alguma coisa. Nomeadamente, mandar áudios com risos maléficos, músicas e comentários de fundo, alguns a cantar (para desenjoar), mandar sms aos homens a desejar "feliz dia da mulher", marcar as amigas em posts de "se esta pessoa não te responder em 5 minutos, fica-te a dever um jantar destes" ou "têm de fazer um corte de cabelo destes", enviar igualmente receitas de bolos a aquela amiga que diz que está a fazer dieta, mandar sms de seguida à bff assim em enxurrada aos parágrafos em sms separadas, só para ela ter milhentas notificações de sms na nossa conversação e ver que ela não responde ao fim de 5 segundos e a encher de emoticons a chorar copiosamente e escrever "já não me amas", bem como os típicos áudios a fazer de conta que lhe estou a contar alguma coisa e o primeiro só ser "estou a mandar áudio só porque sim" seguido de "ah-ah achavas mesmo que era alguma coisa que se aproveitasse??" e outro "agora é a sério... mas nãaaaaoooooo!! Amo vocêêê", entre outras coisas.

Então, enviei um post a três amigas, naquela de meter ferro. A esperar o que elas me iam responder, se à letra ou se iam armar em fofas - desertinha eu, que as respostas fossem a dar brasa ou na gozação.

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Montada a armadilha, foi só esperar quem mordia o isco. Mordeu logo uma: teceu comentários fofos sobre mim, no maior dos amores e ternura. Borboletas, purpurinas, ursinhos carinhosos a descerem de cú no arco-íris. Agradeci, encheu o coração apesar de não ser de todo a minha intenção enviar estas merdas porcarias para receber elogios e achei "Pronto, elas vão levar a sério. Decepção."

Em momentos, responde outra:

- Só tenho mesmo duas palavras a te dizer: ESTÁS LONGE!!

Esta porca, que passa a vida a dizer-me que têm saudades minhas, responde-me que o que ama em mim, é eu estar longe!! Affff gajas do caraças!! Escusado será dizer, que adorei e fartei de rir com a resposta.

A cereja no topo do bolo, foi ter enviado para a bff, aquela que assinou o contracto vitalício de me aturar daqui até à China mas dando a volta ao mundo e não pela visão terraplanista, em que têm cláusulas específicas que declara que estamos sempre ali uma para a outra for o que for e o que der e vier, e foi a única que nem me respondeu. Lido e ignorado com sucesso. É assim...

Acho que tenho de passar a escolher melhor as amigas. Assim não pode ser. Anda aqui uma pessoa a tentar armar a confusão, a meter fogo e ferro e enxofre para fazer efeitos ao lume e uma leva tudo à letra, outra é o que é não é, cumpriu os requisitos e a outra... talk to the hand. Está certo. Vai já levar uma sms a dizer que não vou casar com ela, que vou fazer malinhas e dar corda aos sapatos da nossa amizade, que assim não pode ser, não há condições!!

Realmente...!!

E aqui fica, o meu testemunho verídico, de que ainda há seres destes a palmilharem a superfície da Terra.

frito e escorrido por Peixe Frito, 17.01.22

Há coisas que se vão perdendo com o tempo... a sua magia, toque, excentricidade e até, singularidade. Existe a adaptação aos tempos modernos, tecnologias, maneiras de ser e estar. Mentalidades e instinto de sobrevivência. Mas para mim, há coisas que continuam a manter a sua essência, tentando sobreviver com as novas paneleirices da vida, mas que no fundo, está lá, no seu âmago, no seu adn, a sua verdade que venha o que vier, tal como o Kraken a surgir do fundo dos oceanos para dar uma trinca no bafunfo do Poseídon, emerge no seu esplendor por entre as algas e destroços do Triângulo das Bermudas, sempre na sua glória. "Eu estou aqui e aqui ficarei até à eternidade", grita em plenos pulmões. Haja persitência e adaptação. Assim o fez uma espécie muito conhecida em todas as aldeias, vilas, cidades do nosso Portugal. Falo das codrelheiras. Sim, das codrelheiras. Essa espécie quase em vias de extinção que se está a adaptar às modernices, que invés de cuscarem à janela, cuscam os perfis nas redes sociais. Têm de fazer o que precisa de ser feito, senão como sobrevivem? Ah pois é. Porém, ainda existem alguns espécimes selvagens, que se adaptaram à selva de cimento e betão. Não muitas vezes avistados mas estão lá. Que o diga eu, que avistei um ainda há dias e mal queria crer no que estava a ver.

Já é bastante mau se estar à socapa a cuscar a vida dos outros, a controlar com quem se está e para que carros vão, se mantendo às escuras dentro da divisão e a uma distância razoável da janela mas senhores, os tratamentos que os vidros têem não são 100% à prova das pessoas não verem que se passa no interior da casa: embora às escuras, deu perfeitamente para ver o que a senhora estava a fazer - não, não estava de cuecas nem nada do género - estava sim com fio dental a limpar os dentes, com a bocarra escancarada, enquanto controlava o povo na rua. Sim, poderia estar a usar o vidro como espelho, é aceitável. E fico feliz por a criatura cuidar assim da sua higiene dentária, escusava era de o fazer à janela e com toda a gente a ver! Ela na maior das descontras, ali a passar o belo do fio dental na cremalheira. Tive um momento de arrepios-de-vergonha-alheia e compaixão, apesar da senhora estar ali a controlar o que eu estava a fazer. Tal tótózice que nem se apercebe que dá para ver para dentro da casa dela. Parecia uma assombração bizarra, a limpar os restos dos dentes, esfumada no negrume da divisão.

A minha vida nunca mais será a mesma. Mas já notei que este comportamento é vulgar nestes espécimes citadinos: há uma outra que têm o hábito de recuar mais para dentro da janela, para eu não a ver. Depois quando me vê pessoalmente: "Tenho-te visto, Peixa. Assim de vez em quando." E eu sorrio... Sorrio porque a vejo SEMPRE e a vejo a esfumar-se para dentro, se mesclando com a cortina, só que a senhora pensa que eu não a vejo.

Não vamos espantar os animais a dizer-lhes que sabemos os seus métodos de sobrevivência, não é? Senão coitadinhos, ficam atarantados e aí é que se extinguem.

Se bem que de certa maneira, não fazem lá muita falta nessa sua utilidade, mas a vida é assim. Até uma simples mosca têm o seu sentido de viver e faz tudo parte do equilíbrio do ecossistema, mesmo que nos ultrapasse a sua razão de existência.