Há hábitos que não se perdem e um deles, é dizer a alguém da família de que aquele animal que está a dar na tv, é ele. E sem critério, um animal qualquer completamente aleatório. Felizmente, todos têem sentido de humor e ninguém fica ofendido, pois a ideia é essa, brincar e não andar a chamar nomes às pessoas de modo indirecto. Ora, a ver um filme de desenhos animados, digo eu à Cú Rabinho Pequeno:
- Olha, aquele ali és tu. E aquele o pai, aquele a mãe, aquele o gato, aquele o piriquito.
E aparece um camaleão com olho de vidro, um olho virado para a China e outro para a América. Diz logo ela:
- E aquele és tu, tia Peixa!!
Fosga-se, com tantos animais foi logo escolher aquele mais raimoso.
- Sim, então não sou? Não vês que é a minha vestimenta de ir à praia??
- Vocês têem a mesma cor de sombra nos olhos - diz ela a rir.
Um facto. Eu e o camaleão tínhamos a mesma cor de sombra.
Mais à frente, aparece novamente o camaleão em cena, desta vez em um bruto descapotável com música alta e diz logo ela:
- Olha tia Peixa, olha!! Olha tu novamente!!
- De facto, Cú Rabinho Pequeno, sou mesmo eu. Ora, eu tenho essa música no carro e tudo! - tenho mesmo.
E não é que o raio do camaleão estava a ouvir metal no carro? Se havia dúvidas que eu estava a ser caracterizada pelo camaleão, ali ficou tudo em pratos limpos. Duas metades da mesma laranja. Gémeas separadas à nascença. Uma humana e outra... animada. Será ela o meu animal totem? Fica a questão no ar.
Qual a probabilidade? Mas qual MESMO? Pois é, é como é. Começo a achar que o universo está sempre à espreita para sacar um coelho da cartola na minha vida, mesmo nas coisas mais improváveis. O menino podia ir para aqueles shows de comédia de improviso, que se safava tranquilamente...! E olhem que aquele dia até estava a correr bem e pacificamente. Decididamente, não tenho um dia de folga. Até já com desenhos animados... Ninguém merece!