Esta ainda não me tinha acontecido.
Ouve-se lá nos confins do aquário mor uma conversa entre avô e neta:
- Vai pedir à tia Peixa, que ela ajuda-te.
Passinhos pequenos e rápidos, em jeito de corridinha e oiço uma vozinha de quem me vêm cravar algo, versão gato-das-botas, mas vocalizado:
- Ó tia Peixaaaa... - olho para ela e ela de beiço estendido e olhinhos de Bambi - tiras estas coisas da minha plasticina?
A mirar a plasticina, na minha mão, vejo algo que parecem pedacinhos de ramos lá metidos.
- A plasticina têm umas coisas pretas, não vês? - diz-me o pai adamastor.
- Sim... estou a ver - respondo, enquanto vou tirando. Tiro uma, duas, três, à quarta olho bem para aquilo e pensei: «Porra que isto me parecem patas...» e virei a plasticina ao contrário.
Pois bem... Adivinhem??
- Cú rabinho pequeno, isto vai para o lixo!! Tens aqui uma aranha morta colada à plasticina! Olha para esta porcaria!
- Ohhh não vai para o lixo não.
- Vai vai.
- Não vai não - e olha para mim com olhos engraxadores a tentar tocar ao sentimento.
- Está aqui uma bela porcaria. Olha agora a minha vida, andar a catar patas de aranha de plasticinas.
E ali tive, a tirar o cadáver da aranha e as patas semeadas pela plasticina, com a cú rabinho pequeno a observar-me atentamente, a ver se lhe devolvia a plasticina.
Que não sonhe a mãezinha dela que além de detestar plasticina, que eu lhe devolvi a plasticina depois de a limpar bem, tal e qual uma cena de crime sem rastos e evidências, invés de a mandar fora.
Bem, ao menos assim, ganha anti corpos.