Sou uma maravilha de ser, quer por fora como por dentro.
Ah e tal, ter de fazer análises. Enaaa que ânimo ter de acordar antes das galinhas, num dia de férias que nem sequer dá para ir para a praia pois está farrusco, fazer jejum, armar-me em William Tell a fazer pontaria de xixi num tubinho de ensaio e ir tirar sangue - romelas, anacondas a enrolar e chorar de amargura da almofada à parte, nada me facilita a vontade, um mal nunca vêm só efectivamente.
Começo bem, ao entrar no laboratório e dar à analista o tubinho, frisando que é o melhor presente que ela pode receber logo pela manhã. Que inveja, not.
Num verdadeiro e derradeiro teste à minha bravura, a rotineira pergunta de: "qual o braço que prefere?", vontade de responder "Nenhum" confrontando o meu cérebro ainda meio perro com tanta informação matinal, olho para um braço, olho para o outro e lá decido estender um. Têm de ser por isso olha... do mal o menos. Esquerdo.
Procedimentos normais, avisa a moça que vai tirar o sangue, numa de que se eu quiser olhar para o lado. "meh" respondi "É coisa que não me faz a mínima diferença" e lá fiquei a olhar para o tubinho a encher com o líquido cor de rubi - belo toque, hein? Não é vermelho, nem encarnado nem cor-de-burro quando foge, mas rubi. Grande saineto. Adiante:
- Estendi-lhe este braço, mas penso que no outro se devia ver melhor as veias.
- Ah não, está óptimo! Consigo ver bem.
- Sou muito branquinha, não é?
- Não! Você têm óptimas veias, conseguem-se ver muito bem!
Devo ter feito uma cara de qualquer coisa que a moça ri e diz:
- Verdade! Óptimas veias!!
Deve ser o elogio da área. Não é: "ai você manda cá uma pausa com esse vestido!" É mais: "As suas veias são qualquer coisa de espectacular. Azulinhas, azulinhas."
E pronto... Não há nada como ouvir um elogio às nossas veias, para começar bem o dia
Ou então, é o elogio por simpatia, do género, não há ponta por onde se lhe pegue, vamos elogiar algo exótico como as veias, só para lhe massajar um pouco o ego, coitada.