Como tantas mentes que por aí andam, que uma pessoa não pode dizer nada sem que essas alminhas pervertidas levem logo as nossas inocentes palavras, imaculadas e sem malícia na sua verdadeira essência - algumas das vezes devo confessar que não são assim tão imaculadas - para outra interpretação e outras localizações geográficas corporais, nomeadamente para uma área assim mais para o "estremadura" - "ribatejo" - "interior" - "alto alentejo", a minha não é excepção à regra. Se há coisa que tento fazer, é não usar palavras que possam ser de algum modo sugestivas, se bem que é altamente difícil. Sim, que estar a discutir com alguém e usar expressões de duplo sentido ou das duas uma, ou nos engalfinhamos mesmo com a pessoa ou não somos levados a sério, porque só nos dá vontade de rir.
Existem milhentas palavras que dão para a "sacanagem". Por norma, tento usar a palavra "embalagem" invés de usar a palavra "pacote", por exemplo.
Dou aqui um exemplo prático e real, em como as palavras são matreiras e em como nós facilmente podemos cair numa esparrela "palavrónica":
Está aqui a Peixa a abrir graciosamente uma embalagem de gomas - por graciosa leia-se a barafustar - puxar - abanar - suspirar - barafustar - resmungar - dizer palavras bonitas, fofinhas, pomposas e chamar carinhosamente a embalagem de "coisa linda" e de "admirávelmente fácil de abrir" - morder - olhar matador e já a roçar o "a faíscar" - e diz-me o Piolho, que me estava a observar atentamente há um bom bocado, com aquele seu ar de quem tudo sabe e que domina o pedaço:
- Ó tia Peixa... Queres que te ensine a abrir o pacote? - vêm como já soa mal esta junção de palavras?
Olhar matador (tipo 2) em direcção do Piolho, que pelos vistos funcionou que a embalagem abriu logo, deve ter pensado que era novamente para ela, e com um ar de "Peixa rules e domina o cenáriooooooooo", digo-lhe:
- Ó Piolho, obrigada, mas eu já abri mais pacotes na minha vida, do que tu provavelmente irás abrir, estás a perceber? - estava distraída, que querem??
Silêncio. Leia-se a minha legenda: «Oh god, que isto soou realmente mal!»
A mim claro, que o Piolho, na sua ainda inocência, não se apercebeu da outra interpretação que esta mente pérfida lhe deu.
Só espero que não puxe à tia, senão vai ser bonito vai :)
Porém, existem outros tipos de interpretação. Não necessáriamente de palavras por si só mas na associação ilustrativa que uma simples frase pode causar:
- Pai Adamastor, preciso que me vás pendurar o varão no meu quarto...
Oiço uma risadinha. Sem precisar de ver de onde e que criatura emitiu a risadinha, "resmungo":
- É para os cortinados, pá!!
Ui e de onde esta veio há muitas mais. Ora tomem lá mais uma ilustrativa:
- Amiga, tens de pendurar um sardão na tua parede! - diz-me a Daisy toda contente e eufórica, a olhar para um lagartão decorativo e supé fashion que estava na parede de uma loja.
- Ó miga, um sardão não...
Diz logo ela: Mas porquêêêê?? É tãão giroooooooo!
- É que "sardão" na minha terra, apelida outras coisas que não lagartões... -.-
Havia de ser bonito, um "sardão" da minha terra, pedurado na parede da minha sala...
Como podem constatar, muitas vezes as palavras e situações geram duplos sentidos e outras interpretações maliciosas ou não. Uma coisa é certa, geralmente dá para uma pessoa se rir e descontrair com estas palermices.
Eu então... Há quem me diga com frequência:
- Pronto, essa cara diz tudo. Pá, lá está essa tua mente novamente a trabalhar! Que coisa!!
E muitas das vezes, nem sequer estava a pensar em nada em concreto, sem ser a analisar aquilo que acabava de me ser dito.