Há coisas que me transcendem. O factor de algumas pessoas mentirem na idade. Meus queridos, mas quem pensam vocês que iludem? Só a vocês próprios! Ou acham que por mentirem na idade, a gadelha não fica branca - ou cinza ou às "riscas" como eu costumo dizer que é a trunfa do pai Adamastor - as vossas peles não descaem, as maminhas não fazem companhia ao umbigo e o rabo à região poplítea da perna e que a vossa cara não fica a parecer agarrada por arames, cheia de fissuras como a terra gretada com falta de água, tais as rugas? Sem mencionar nas asas de morcego dos braços, duplo queixo e as bigodaças crescerem como erva selvagem nos passeios, onde nunca antes se imaginava ter isso a crescer e ter de aparar tais criaturas.
Há pessoas de quem eu nunca soube a verdadeira idade - nem que me interessasse, na verdade. É mesmo só para fofoca - Durante uns 15 anos, a criatura dizia que tinha 40 anos. Ao que havia quem lhe dissesse: 40 em cada perna! - Medo.
Pois é, cada um sabe de si, porém para mim não há necessidade de fazerem figuras ridículas de graça, ao olharmos para as vossas fronhas e vermos a terceira idade, quando ateimam em dizer que ainda são jovens adultos. Negar a velhice, não a atrasa. Nem não colocarem visível a vossa idade e data de nascimento nas redes sociais, tenho dito.
Já lá vai o tempo em que as sociedades respeitavam os mais velhos, com a sua sabedoria e conhecimento para partilharem com os mais jovens e em que era um orgulho ser ancião. Hoje em dia, só querem saber das plásticas e vivem do medo de envelhecerem.
Vou lançar um novo movimento: "ser múmia rock's!", a ver se ter rugas não passa a ser moda.
A mim, a única coisa que me preocupa, é que com as peles, a idade e a gravidade, as tatuagens passem a ser algo esquisito, como que um borrão dos psicólogos de: "O que é que vê nesta imagem? Ah eu vejo um passaralho. Pois olhe, na verdade, isso era uma fotografia do meu chihuahua Avec(*), que faleceu há 50 anos". Queira Deus que eu seja uma velhita com muita ruga mas com umas tattoos do catano, que não precisem de livro de explicações para se perceber o que são.
(*)Piadinha parva do dia, sem querer ferir susceptibilidades a ninguém:
Vai uma pessoa do norte a passear o seu cão e cruza-se com outra:
- Ahhh que cão tão lindo! Como se chama?
- Avec.
- Avec? Mas isso é "com" em francês!
- Então, e não é isso? Ele não é um "caum"?
Vá, não me apedrejem mais.