O que uma noite bem dormida pode fazer à mais inocente das alminhas.
Poema de hoje, maravilhoso e fantástico, mega inspired, com direito a Podcast e tudo - vêm mesmo assim das entranhas do meu ser:
É a cama quentinha,
É a friasca de sair dos lençóis afofada.
É a banhoca da boa no corpo molenga,
É a bota com fecho estragado, calçada.
É acordar sem olhos de panda,
É a pele espectacular,
É estar a por o rímel,
e toda a pálpebra esborratar.
É o cabelo encaracolado,
carradas de amaciador para o domar,
É o secá-lo com todo o cuidado,
E chegar á rua e ele num ninho de ratos, se tornar.
É o cheiro a tabaco no andar,
É o cheiro do saco do lixo,
É o cheiro do pequeno almoço do vizinho debaixo,
Era torrada ou pão com chouriço.
É gelo em cima das folhas de manhã,
É a frisca ao entrar no carro.
É o ficar com a mão molhada da porta,
É não ter um pano enxugado.
É o sol a brilhar sem nuvens,
bem forte baixo no céu.
Sou eu a ficar encandeada e não ver um cú,
Nem óculos de sol me valeu.
É eu ter dormido bem,
É estar extra bem humorada,
Fico assim neste estado,
Inspirada e maravilhada,
Em que até me apetece, admirada
cantar o belo do fado.